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segunda-feira, 30 de dezembro de 2002

FELIZ 2003

É o que deseja sinceramente Kali a todos os ilustres visitantes que por aqui passaram em 2002, e aos quais espero continuar oferecendo motivos para aqui continuarem vindo em 2003.
Presentes. Isso é o vocês foram para mim, em todos os sentido, e pretendo que continuem sendo. Saudações calorosas, kálidas.


Malo (França)
Kali.
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domingo, 29 de dezembro de 2002

Non sense

Hahahahahaha. Esse é também de autor desconhecido.

Kali.
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sexta-feira, 27 de dezembro de 2002

Cartuns

A partir de hoje, vou colocar mais imagens em meus meus posts. Não sei se por falta de tempo ou por inveja de blogues como os da Alessandra, da Silêncio, da Paula, Your Soul (onde elas conseguem imagens tão fantásticas?) E vou começar a publicar uns cartuns que peguei na grande rede (sempre que puder vou indicar o autor, óbvio - o autor desse aí, por exemplo, é anônimo). Isso aí. E não demora vou publicar de uma pancada só, muita coisa do Lassalvy. Crianças, já pra cama!

Kali.
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quinta-feira, 26 de dezembro de 2002

Cena de Natal

Ontem, dia de Natal fui à delegacia prestar queixa. O carro de minha irmã foi arrombado. Na delegacia, observava o ambiente. As pessoas algemadas, suas fisionomias, o policial com arma na cintura, os advogados. No momento em que o escrivão fazia a ocorrência, um senhor de pobreza aparente chega e pergunta se poderia entregar algo para seu filho preso. "Visitas só amanhã", disse o escrivão. "Eu sei", respondeu o homem. "Eu apenas gostaria de saber se era possível vocês entregarem um negócio para meu filho. Um cartão de Natal". "Perfeitamente. Pode deixar aí que entregamos", disse o escrivão.

Então o homem deixou algo bem diferente daquilo que entendemos ser um cartão de Natal: uma folha de caderno manuscrita, sem envelope, sem nada.

Meus olhos não derramaram nenhuma lágrima por aquela cena. Mas minha alma se comoveu. Profundamente.

Gosto de observar as coisas à minha volta porque, como numa carta que vira cartão de Natal pelas mãos de um pobre pai que ama seu filho, a vida não está nas linhas, mas nas entrelinhas.

Kali.
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segunda-feira, 23 de dezembro de 2002

O Amor de não Amar

Vejam esse comovente, terno e penetrante post com que Deisy brindou seus visitantes na sexta-feira, dia 20 de dezembro.

A gente pensa que com o passar dos anos vai se aprendendo todos os tipos de desilusoes. Que o coracao cresce, amadurece e consegue suportar as dores com mais serenidade por "tempo de uso" ou talvez de "abuso". Nada. Cada vez aparece uma dor diferente para te cortar em outra direcao. Ja senti a dor do desamor e jamais imaginei que ela reviveria em mim, e com outra intensidade, e com outra profundidade e de outra escala. Eu ja nem sei se digo coracao quebrado ou vida quebrada, sendo que um eh consequencia do outro, nao destinguo qual aconteceu primeiro. E para terminar minha propria conclusao do sentimento que me invade eu afirmo "nao sei qual eh a dor maior, a de amar sem ser amada, ou a de ser amada sem amar". Sinceramente, em minha alma, a segunda demora muito mais para cicatrizar

Tocante, não? Claro que é. E tanto me tocou que consegui fazer esse comentário:

O Amor de Deisy

Tanto amava
Que achava
que teria menos amor
quanto mais
o tempo passava.

E tanto amava
que mais e mais
ele aumentava.

E era tanto o seu amor
Que a cada dor
Não conseguia mais saber
Se foi seu coração que se partira
Ou se foi sua vida que se quebrou.

E tanto, tanto, era seu amor
Que pensava não ser sido amor
O, de todos, o maior que dedicou:
O amor de não ter iludido
e não ter para sempre perdido
Quem por ela se perdeu de amor.

Maybe I didn't treat you
Quite as good as I should have
Maybe I didn't love you
Quite as often as I could have

Kali.
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Coração Sensato

O poema-canção Insensatez, de Vinícius e Tom Jobim, vocês conhecem. A mente falando ao coração.

Insensatez
Tom Jobim & Vinícius de Moraes - 1961

A insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor, o seu amor,
Um amor tão delicado

Ah, porque você foi fraco assim,
Assim tão desalmado
Ah, meu coração,
Quem nunca amou,
Não merece ser amado

Vai meu coração,
Ouve a razão, use só sinceridade
Quem semeia vento,
Diz a razão,
Colhe sempre tempestade

Vai meu coração, pede perdão,
Perdão apaixonado
Vai, porque quem não pede perdão,
Não é nunca perdoado
Vai, porque quem não pede perdão
Não é nunca perdoado.

Apesar de o poema ter sido feito por dois grandes marmanjos, sempre o leio como se fosse o lamento de uma mulher ressentida por ter maltratado o coração de um homem, e culpando seu próprio coração por isso. Por dois motivos eu o interpreto assim. Primeiro, por não ser comum ao homem se lamentar por não corresponder ao amor de uma mulher. E em segundo, exatamente o contrário: por ser muito comum à mulher se ressentir por não ter amado quem a amou. É o que penso (no próximo post dou provas disso). Então preparei a resposta do coração que as mulheres trazem no peito, talvez mais sensato do que elas próprias imaginam. Espero que gostem. Vai em vermelho, cor da paixão.

Sensatez

Ah, minha dona amargurada,
Perdão por não ter amado,
Mas não pude iludir quem por ti
De amor se perdeu sem ser amado.
Se fiz chorar de dor o teu amor,
Foi para não ver sofrer de dor
Os olhos de uma face enamorada
E ver correr sobre teus seios de escultor
Lágrimas de dor desventuradas.

Perdão apaixonado eu peço,
Minha dona apaixonada,
Mas peço também que não mais me entregue
A uma paixão desenfreada,
Para que eu possa bater sereno em teu peito,
Para que eu não venha colher a tempestade
Da brisa leve de uma ilusão semeada.

E, se quem não pede perdão
Nunca será perdoado,
Quem também não ouve seu coração
Nunca de verdade terá amado.

Kali.
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domingo, 22 de dezembro de 2002

Momento

Quando a poesia fez folia em minha vida...
(Peninha)

Kali.
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Gaveta

O poema que a Alessandra pediu que eu postasse aqui e que ela já me deu a honra de vê-lo publicado em seu site maravilhoso, o Pensieri (que imagens maravilhosas!) foi o que eu fiz pra ela quando me deparei com esse seu comentário no blogue Íntimo, da Silêncio:

ai Kali, ai Terry, ai Sis
O que eu faço com vocês? Vou colocar todos na gaveta e etiquetar "doçura".
Lindos. Adoro vocês

Aí então escrevi isso (modifiquei um pouquinho só pra dar um ar ainda mais descontraído:

CHAVE MIXA

Trancou três
numa gaveta
e rotulou:
"doçura".

Ao passar a chave,
se deteve, não conseguiu.
Empacou
Em sua própria candura.

Kali.
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sábado, 21 de dezembro de 2002

Gente Humilde

Ontem à noite fui cortar o cabelo. O cabeleireiro, indicado por um amigo meu, atende num bairro longe de casa. Sabe aquele bairro “de casas simples, com cadeiras na calçada”, em que a vida flui de maneira mais autêntica, mais calorosa e mais humana? Pois é. Foi lá que eu fui.
Eu me atrasei com o engarrafamento no centro e, quando cheguei, o cabeleireiro Valdo (o nome - e só o nome - é fictício nessa história) não estava. Eu marquei às 19:30 e já eram 20:00. O pessoal da casa informou que ele tinha ido nas proximidades participar de uma novena (não falei que ali a vida flui de forma prosaica?) e não demorava.
A casa onde o cabeleireiro mora e trabalha fica numa ladeira. Sentei-me na calçada e fiquei observando o lugar. Na casa em frente, preparativos para um churrasco que a proximidade do Natal motivava. Da janela, a moradora convidava a vizinha da casa em frente e em cuja calçada eu aguardava o retorno do Valdo. Subindo a ladeira, duas garotas animadas conversando em alto e bom tom, provavelmente vindo de uma academia nas proximidades, pois suas roupas de malha indicavam isso. Entraram na casa onde seria feito o churrasco. Entraram e logo depois saíram, descendo a ladeira, conversando no mesmo tom esbaforido com que subiram. A vida fluía, subindo e descendo a ladeira. Sentado na calçada, assistia a tudo, não dizia nada, como aquela capa do Roberto, pendurada.
Estava extasiado, não apenas pelo bucolismo das cenas que se desenrolavam diante de mim, mas principalmente por ter recebido à tarde um e-mail de frases belas, cheio de elogios à minha pessoa, apenas porque eu deixei um pequeno poema num blogue repleto de poesia. No e-mail, a dona do blogue dizia, entre tantos elogios, que eu fazia poemas com as coisas mais banais. Fiquei pensando nisso. Maravilhoso o e-mail. Impagável. Mas acho que se alguém extrai poesia de alguma coisa é porque ela já está lá, latente, pulsando, pronta, só esperando que alguém a cutuque, a assanhe, para que ela possa explodir em forma de versos. Assim:

POESIA LATENTE

Uma simples flor
Esconde a vida em furor.
É só mexer.

Num simples sorriso,
Puro fogo escondido.
É só acender.

Kali.
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sexta-feira, 20 de dezembro de 2002

O Som do Silêncio II

Mas não ficou nisso. Hoje entro novamente no Íntimo e leio esse post tocante e impagável:

Vou levando..

Meus olhos marejados, cansados de conhecer a dor. Amadureci precocemente, imposição da vida.
Estive lendo a antologia dos Beatles. Na primeira página do livro, Lenon dizia que seus recalques fizeram dele o artista que o mundo consagrou. Fiquei pensando no assunto... na minha busca insana pela "normalidade".
Talvez os meus recalques sejam a melhor parte de mim. Minha percepção distorcida da vida, minha familiaridade com o sofrimento, meus fracassos. Talvez seja meu único referencial. Reconheço o sofrimento a quilômetros de distância...num olhar perdido, num gesto angustiado, num suspirar qualquer. Sou assim, permeada de feridas por todos os cantos. Todos os meus poros gritam de dor, de lamento. Fazem um coro sentido, sinfonia de martírios em mim. O convívio com o sofrimento tem suas vantagens. Valorizo cada segundo de alegria que a vida me concede. Rio das piadas, cantarolo pelos cantos. Quando posso, sim, sou feliz.

Bem, não deu para não fazer poesia, já que era poesia pura que eu via.

DISTORÇÃO
(para Silêncio)
Kali

Sua percepção distorcida da vida
Fazia os insensíveis
Darem-na como morta;

Os vampirescos,
Verem em seu corpo inteiro
apenas a veia aorta;

A si mesma,
o caminhar certo
nas estradas tortas.

Legal, não?

Kali.
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O Som do Silêncio

Eu entro no Íntimo, da Silêncio (essa vírgula aí pode até ser retirada, tal é a força íntima com que ela escreve), e me deparo com esse maravilhoso poema (post 12 de dezembro, quinta-feira, 20:04h):

Paixão

Não quero assim, um amor ralo
Sorrisos e café da manhã
Quero o grito que se esconde quando calo
Fechar os olhos sem pensar no amanhã.

Quero a foice que afaga enquanto lanha
A carne exposta, o corpo mutilado, sua entranha
Quero a vida colorida em tons de púrpura
Sua boca para sempre minha clausura.

Quero o ventre corrompido com teu gozo
Nossos corpos nesse sexo tão exposto
E que no mundo, minha única saída
Seja amar-te até o fim da minha vida.

Em seu post anterior, um lindo e poético relato, ela se olhando espelho. Os dois posts se embaralharam em minha mente e...

IMAGEM PERDIDA
Kali

Desejava seu ventre corrompido pelo gozo
Seus corpos nesse sexo tão exposto.
Amá-lo até o fim de sua vida
Suas bocas para sempre em clausura.
Sua única saída.

E tanto desejou que
a imagem então se aproximou
E, num ímpeto, ao encontro dela se arremessou.

Nem os estilhaços do espelho,
Nem o sangue em vermelho
Lhe fez compreender
Que foi tanto o amor que se verteu
Que nela já não estava mais seu eu
Que aquele corpo no espelho era mesmo o seu
Não o corpo ao encontro do qual se arremeteu
Não o corpo do desejo que a ensandeceu

E o que restou além dos estilhaços
Foi uma lágrima em meio ao sangue
chorando a imagem que se perdeu.

Kali.
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quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

Christmas Gift

No blogue da Rina, uma simpática pergunta: "O que você vai me dar de natal?".

Uma poesia, Rina. Uma poesia.

PARA RINA

Te darei de Natal
Uma poesia.
Não é nada, não é nada,
É o que eu puder escrever,
É o que sai de minhas entranhas,
É o que puder meu ser.

Rina, minha cara,
Te darei de Natal uma poesia.
Não é nada, não é nada,
Mas é a minha cara
E me é muito cara.
Custa-me um brilho,
O brilho cintilante
Dos olhos da sua cara.

Com carinho. From Kali

Kali.
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A Queda

Quando você realmente sofre uma grande decepção, vai ao chão, se prosta, talvez essa frase kálida possa te ajudar:

"A vantagem da queda é que ela te permite ver o quanto é sólido o chão que te sustenta." kali

Pense nisso e levante-se, sacuda a poeira e dê a volta por cima.

Kali.
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quarta-feira, 18 de dezembro de 2002

FuteGod

Deus fez o mundo em forma de bola.

Qualquer dia ele mete o pé.

Kali.
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terça-feira, 17 de dezembro de 2002

Ondéquistão

Armas de destruição em massa. Bonito nome. É claro que se a ONU estivesse mesmo preocupada com armas de destruição em massa no planeta, mandaria a tal comissão de investigação para os Estados Unidos, não para o Iraque.

O ser humano é muito cínico.

Kali.
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O Tapa e o Tiro

O traficante da favela. Sou do tipo que acha que o crime está na favela, não no traficante. Não que o traficante não seja criminoso. Refiro-me à gênese da coisa, àquilo que gera, não o que foi gerado. Entende, né? Aliás, vou mais longe, se me der licença. Penso também que o crime está mais no consumidor de drogas do que naquele que trafica. Mais uma vez, a gênese, a causa. O problema: quem fuma um baseado ou cheira cocaína nunca irá admitir que seu prazer financia o tráfico e toda a violência que em seu peito encerra. Seria exigir muito de uma pessoa voltada à satisfação de seu hedonismo. Sou contra as drogas não por moralismo ou religião, mas por uma questão prática: seu consumo financia duas mortes: a da consciência de quem faz uso dela e a de quem se põe no caminho dos traficantes. O consumo de drogas é o sustentáculo de toda violência ligada ao tráfico. Cada fuzil, cada bala que os traficantes carregam teve antes que assumir a forma de um sonho psicodélico e prazeroso na mente de um consumidor de drogas. Cada "tapa" se transforma em tiro real, e cada "tiro" dados pelos jovens da classe média ecoam pelos morros e favelas do país sob o som de um zumbido real, dilacerante, mortal. É claro que a violência social provém fundamentalmente da desigualdade social, da miséria, da exploração do trabalho humano, da ausência de perspectivas que levam, inclusive, ao consumo de drogas. Mas deixar o barco correr sob o argumento que é preciso antes deter a correnteza não me parece correto. Droga é uma merda. Droga é coisa de bandido e de quem de sua consciência foi banido.

Kali.
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segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

O menorzim

Com vocês, meu menor poema:

LAMENTO LABIAL

Ela não me kiss.

Kali.
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sexta-feira, 13 de dezembro de 2002

Ela pediu

A pedido dela própria, estou publicando um poema que fiz ontem para a Alessandra. Muito legal você escrever um poema e a pessoa gostar e pedir que pubique em seu blogue. Fico muito feliz com isso, não escondo. O poema foi inspirado no post dela mesma e que, entre outras coisas maravilhosas e comoventes, dizia:

Tá, é como abrir um espelho na minha cara. A manca, ... aquela que sempre chega atrasada para as situações que já aconteceram e já passaram e deixam um cheiro no ar, a pessoa sem casca e mais sem malícia do mundo, a enrolável, a passável para trás, enfim, apresento-lhes, essa sou eu.

...mas prefiro me esconder dentro da minha toca (ah, Deus, como eu ouvi nesses dois últimos anos que isso é errado...), dentro do meu peito, e observar tudo aqui de dentro. ... É aqui que eu moro. Meu riso não é amargo e nem nunca vai ser, porque simplesmente não consigo amargar uma coisa cujo verbo principal sempre foi acreditar, cujo objeto sempre foi a paixão. ... Riso e amargura não andam juntos no livro que escrevo.

Fico aqui, esperançosa, quero me sentir igual a alguém no mundo, quero achar meu ninho. Não recuso paixão, não recuso permanência, não recuso imediatismo nem eternidade - não só não recuso como necessito. Estou me descobrindo. Sem dor, sem dó. Apenas e tão somente tirando, pele por pele, as cicatrizes do passado de um corpo que já nem sabia mais como era. Desfolho, caio no chão.
Ah, é outono em mim.

O poema saiu assim:

Ela

Ela era assim.
Desfolhando, renovando.
O outono em si.

Ela era assim.
Sem riso amargo,
De um esperar largo.
O verão em mim.

Ela adorou. Eu também. Vai dizer que não ficou lindo? Claro que ficou. Uma primavera em ti.

Kali.
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Mãos de Silêncio

Silêncio, dona do maravilhoso site Íntimo, nos brindou esses dias com esse post:

"Bateu assim, de repente, uma vontade de falar de mim. Tenho 23. Sou de maio, o signo é touro. Cidade? Brasília, Distrito Federal. Talvez meu ponto forte seja o sorriso, embora sempre apontem as pernas. Já fui mais satisfeita com elas. Mas o que me agrada intensamente são as mãos. No sorriso ainda encontro aqui e ali algum defeito, nas mãos não..."

Fiz esse poema que ela gostou muito. Até me deu a honra de vê-lo publicado em seu blogue, como se já não me bastasse a honra de tê-lo feito. Então publico-o aqui também. Até acrescentando umas linhas. Obrigado, Silêncio.

TUAS MÃOS

23 anos.
Touro.
Brasília.
O sorriso.
As pernas.

Mas são suas mãos
sua razão.
Os anos vividos
pela mão trazidos.
O touro, amansado,
pelas mãos tangido.
Mãos perfeitas de Deus
na Brasília imperfeita
das mãos do homem, perdido.
E o sorriso, acanhado,
pelas mãos recolhido.

Suas mãos ternas,
que a levam
onde não a levam
suas pernas.

Kali.
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quinta-feira, 12 de dezembro de 2002

O Suicídio da Garota

Hoje o post é grande e espero que não o seja apenas na forma. Vou mostrar dois poemas que deixei ontem no blogue Solitudine, da Carol (suicidegirl.net). Mas seria recomendável ler os posts que eu li e que me inspiraram, para contextualização. Eles valem por si mesmos, independente dos poemas. No dia 11 de novembro, eu lia no domínio suicidegirl.net:

"Só que para renascer precisamos deixar muitas coisas morrerem, alguns sonhos, algumas esperanças, alguns relacionamentos, alguns costumes, alguns hábitos, algumas desculpas, enfim é repensar a sua vida em todos os aspectos, jogar fora o velho para que o novo possa entrar e chegar na sua vida de maneira plena. Quando a gente muda a nós mesmos, nós mudamos a realidade a nossa volta, quanto mais profunda a transformação interna mais visíveis são as mudanças no todo, no mundo que nos toca e passar de uma fase para outra não é fácil, quase sempre é um processo doloroso, do qual muitas vezes tentamos fugir, mas eu cheguei a um ponto que não posso voltar mais atrás, que não posso mais continuar parada esperando que as coisas aconteçam, eu tenho que correr atrás, eu tenho que muda-las, eu tenho que torna-las possíveis. O preço pode até ser alto, mas ou eu pago por ele, ou vou ficar estagnada para o resto da minha vida e tudo aquilo que estagna morre."

"Claro que algumas coisas a gente sempre leva conosco, como amizades verdadeiras, como nossa família, alguém que seja realmente especial na nossa vida, só que algumas pessoas não vão conseguir compreender o processo, compreender as minhas oscilações, as minhas crises, pois certamente elas vão acontecer e bem verdade já estão acontecendo. O que me consola é saber que quem continuar ao meu lado, continuar fazendo parte deste meu mundo, serão as pessoas que mais tem a ver com o meu novo eu, são as pessoas que realmente gostam de mim pelo o que eu sou e não pelo o que eu tenho, ou ofereço. Vai ser difícil dizer adeus para algumas coisas e pessoas, mas é preciso dizer adeus, é preciso deixar as pessoas partirem e assim surgirão outras pessoas, outros sonhos, outras possibilidades que talvez nada tenham a ver com estes sonhos que faço hoje."

"... Eu me dei conta que não adianta esperar que o mundo mude para você, você é que tem que muda-lo e por isso ando meio depressiva, porque é muito difícil ver isso, aceitar isso, se perdoar pelos erros e crescer através da mudança."

"Espero que compreendam as minhas eventuais oscilações de humor por aqui, eventuais desaparecimentos,..."

"... acho que estou precisando de um tempo para ver o que é realmente importante, o que ficará, o que sairá, enfim... mudanças ! Quero agradecer pelo carinho, pelas mensagens, pela força, pela amizade, vocês foram e são muito importantes mesmo que não conheça praticamente nenhum de vocês pessoalmente, vocês se tornaram especiais nesta minha casa virtual e espero que voltem sempre por aqui. Sei que estou devendo muitas visitas, mas ando meio sem tempo e as vezes até mesmo sem vontade de escrever, até leio os blogs mas prefiro não escrever nada, mas esta é apenas uma fase e certamente vai passar."

(Carol SuicideGrrrl. Quinta-feira, Novembro 07, 2002)

O poema que ficou (com pequenas alterações):

MUDANÇA

Decidiu mudar.
O caminho,
não o jeito de andar,

que amava,
mais do que qualquer estrada.

Não dava mais
para voltar atrás.

Sacrificar coisas santas
para preservar outras tantas.
Acabar para recomeçar.
Recomeçar para terminar
o que não se acabou,
o que nem começou.

Matar, dar um corte
a uma parte de sua vida
para poder dar vida
ao que partia para a morte.

E na tese da partida
uma síntese contida
na antítese do suicida:
O suicídio para a vida..

O último post, do dia 6 de dezembro, era esse:

"Por que calorão existe ? Toda vez que Brasília começa com este calor medonho eu me pergunto isso ! Eu simplesmente não consigo raciocinar direito num calor como estes, me dá vontade de deitar e ficar ali morgando o resto do dia, ou então ir para uma linda praia, me empanturrar de água de coco, cerveja e camarão, mas ficar em casa ? Ir trabalhar ? Andar de carro ou a pé mesmo ? Pqp, ninguém merece ! Eu ao menos não mereço, eu odeio calor demais ! Sempre que me pedem para ir morar no Rio eu penso "poxa o pessoal de lá é tão maneiro", mas por outro lado eu penso "ter que aturar aquele calor dos infernos?" Nãaoooooooooo, eu prefiro Brasília, que mesmo não sendo frio é mais ameno do o Rio..."

(Carol SuicideGrrrl. Sexta-feira, Dezembro 06, 2002.)

A poesia que ficou foi essa:

CALOR HUMANO

De cidade em cidade,
do calor ela fugia.

Até que um dia descobriu
que muito daquele calor urbano
era puro calor humano.

Foi num dia muito quente,
quando de uma cidade saía.
Se deu conta nesse dia
que, ao sair da cidade,
da cidade o calor refluía.

Kali.
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quarta-feira, 11 de dezembro de 2002

O Fino do Mau Humor

Algumas frases do livro Mau Humor - Antologia de Frases Venenosas, de Ruy Castro. Espero que gostem. São ferinas, sem deixarem de ser espirituosas.

Toda sociedade tem os adolescentes que merece
J. B. Priestley

O homem casado, se não transar com as amigas da mulher,
vai transar com quem?
Eduardo Mascarenhas

O fardo do casamento é tão pesado que precisa de dois para carregar. Às vezes três
Alexandre Dumas, pére

Um júri é um grupo de pessoas escolhidas para decidir
quem tem o melhor advogado.
Robert Frost

Só fui à falência duas vezes. A primeira, quando perdi uma causa.
A segunda, quando ganhei.
Voltaire

Amigo é aquele que sabe tudo a seu respeito e, mesmo assim, ainda gosta de você.
Kim Hubbard

A melhor maneira de começar uma amizade é com uma boa gargalhada. De terminar com ela, também.
Oscar Wilde

Sempre digo que uma mulher só deve se casar por amor -
e continuar se casando até encontrá-lo.
Zsa Zsa Gabor

Amor é o que acontece entre um homem e uma mulher
que não se conhecem muito bem.
W. Somerset Maugham

O amor é a ilusão de que uma mulher é diferente das outras.
H. L. Mencken

As inglesas são tão refinadas! Não têm nem peitos nem bunda!
Stevie Smith

Meu animal favorito? Bife.
Fran Lebowitz

O laboratório encontrou urina em meu martini.
W. C. Fields

Certa vez, durante a Lei Seca, fui obrigado a passar dias
a comida e água.
W. C. Fields

Uma mulher me levou a beber. E eu nem ao menos
lhe agradeci por isso.
W. C. Fields

Sempre trago comigo uma garrafa, para o caso de ver uma cobra - que também trago comigo.
W. C. Fields

[A respeito de W. C. Fields] Se não fossem as azeitonas em seus
martinis, ele já teria morrido de inanição há muito tempo
Mae West

Um homem não pode ser considerado bêbado se consegue
ficar deitado sem se escorar em alguma coisa.
Joe E. Lewis

O trabalho é a perdição das classes bebedoras.
Mike Romanoff

E por aí vai... Gente fina esse pessoal :)
Kali.
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terça-feira, 10 de dezembro de 2002

Os Ouvidos do Moço e a Língua e os Olhos da Moça

Quando entrei pela segunda vez no Bavardage, da Nanda Stange, me deparei com esse post:

Era uma vez uma mulher que sabe o que diz, mas aprendeu o que sabe em um idioma que não existe.. Difícil traduzir.
Eu olho pro espelho e digo: estranha.

Achei muito interessante. Me inspirou um poema que deixei lá. Como ela gostou ("adorei"), deixo aqui também, para quem quiser ver. Ou seria ouvir? :)

OS OUVIDOS DO MOÇO

Era uma vez
uma mulher
que aprendeu
o que dizer,
mas em um idioma
que a ninguém
foi dado conhecer.

Não conseguia
se fazer ouvir
no que queria dizer.
Em desespero,
saiu pelas ruas
suplicando que a ouvissem,
mas sem conseguir se fazer entender.

Mas ninguém a entendia.
Até que um dia,
perto da baía,
encontrou um moço
que entendia
tudo o que dizia.

"Como podes
me compreender
se a língua em que falo
a ninguém foi dado
conhecer?"

O moço se surpreendeu:
"Mas era tua boca que falava?
Era para teus olhos que eu olhava."

Que tal?

Só mais um. Pequininim

A GAROTA E O POETA

Uma menina, ao encontrar um poeta, lhe falou:
"Como é belo o dom de transformar
palavras em ternura."

O poeta lhe respondeu:
"Menina, não te enganes com os poetas.
Um poeta trocaria pela música toda sua literatura.
Só para ser um peixe.
Só para fazer borbulhas
Só para poder bordar de corais a tua cintura."

Kali.
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segunda-feira, 9 de dezembro de 2002

Ismália

É claro que, se hoje escrevo poesias e elas têm algum valor estético ou literário, devo isso aos "Drummonds" e aos "Manuéis Bandeiras" da vida. Mas um poema me fascina de maneira especial e me incentivou a escrever versos mais do que qualquer outro. É esse aí. Ismália. Em minha opinião, jamais alguém expressou um suicídio e um sentimento humano de maneira tão poética, lírica, dramática e emocionante como Alfhonsus de Guimaraens em seu poema Ismália. E jamais alguém fará coisa igual. Você certamente já o conhece. Mas ei-lo aqui. Se já o leu, leia-o de novo. É eterno. Se ainda não o leu, sorva-o. Mais que um poema, é um néctar dos deuses da poesia.

ISMÁLIA

Alphonsus de Guimaraens

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E no desvario seu,
Na torres pôs-se a cantar...
Estava perto do céu
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu
Seu corpo desceu ao mar...

Kali.
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domingo, 8 de dezembro de 2002

Amores

O Terry (Morte-cor), disse que o poema abaixo lembra amor platônico. Está coberto de razão. Minha teoria é que existem dois tipos básicos de amor: o platônico e pratônico.

O amor platônico é aquele idealizado, idílico, extremamente romântico, passivo e geralmente não correspondido. Já o amor pratônico é mais movimentado, mas ativo, com brigas, onde o casal vive arremessando pratos um no outro. Daí o nome :Þ ...Coisas de domingo.

Um petit poema que deixei ontem no Bavardage, uma graça de blogue, da Nanda Stange, uma graça de blogueira. É que o post dela ontem era esse: "Mudei de celular. Peguem o novo número. :P "

NÚMERO NOVO

Mudou de celular.
Perguntaram:
"Qual o novo número?"

Num sorriso, respondeu:
"Este!"
E jogou o celular para o alto,
rodopiou sobre si
e pegou-o de volta
sem deixá-lo cair.

Sob os aplausos dos que
estavam em volta, disse:
"meu novo número é esse aí.
Alguém pediu bis?."

A lua, que do alto assistia a travessura,
falou para si mesma:
"Que doçura!
Não vou mais deixar
essa menina sair
da minha área de cobertura!"

Simplizim, mas bunitim, não? Ela gostou. Achou fofo. Kibon. Que nem ela.

Kali.
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sexta-feira, 6 de dezembro de 2002

Acontece que...

...hoje é sexta e aqui vai um inédito, feito daqui a pouco. São 17:55h

AMOR, MEU GRANDE AMOR

Te abracei
sem nunca te tocar

Te almejei
sem nunca te alcançar

Te perdi
sem nunca te largar

Te possuí
sem nunca te achar

Amor, meu grande amor,
como conseguiste partir
se nunca estiveste por chegar?

Volte, para que eu possa me achar.
Me ache, para que eu possa te encontrar.

Depois durma, para que eu possa sonhar.
E sonhe, para que eu possa acordar.

E não deixe de falar
Para que eu possa cantar.
E cante, para que eu possa me encantar
e no meu encanto eu possa me calar.

E, mais que tudo, amor, me beije forte
para que o teu corpo me sufoque,
e no sufoco do meu corpo
minha alma possa respirar.

18:56h. Desce o pano. Clap! Clap! Clap! Clap! Clap!
Obrigado, obrigado. Não pensava que fosse ficar tão bom :)
Bem, pelo menos eu gostei.

Kali.
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quinta-feira, 5 de dezembro de 2002

Cabelos

"E eu só queria dormir com alguém alisando meus cabelos." Dá para fazer poesia somente com essas palavras que li no Sorvete da Nathalia? Dá sim (mesmo porque a frase já é poesia em si). Essa, por exemplo:

VERSOS ANELADOS

Ela só queria dormir
com alguém alisando seus cabelos.

Ele só queria alisar alguém,
dormindo em seus cabelos.

Alisou então os cabelos dela

e os cabelos dela
alisaram o dormir de alguém.

Kali.
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Music and me

Falemos de música, já que elas falam de nós (bonita frase, kali!).

Música é como escova de dentes: cada um tem a sua. Mas duas músicas eu sempre gosto de destacar. A WHITER SHADE OF PALE, na voz de Annie Lennox, e DUST IN THE WIND, Kansas, com Sara Brightman. Para mim, a primeira é a música das músicas, a melodia mais bela de todas. A segunda coloca o ser humano em seu devido lugar. Sua beleza vem de sua profundidade em mostrar a condição humana diante do universo.

Kali.
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quarta-feira, 4 de dezembro de 2002

Três Tristes Dias, Três Tristes Tigres

Esses últimos dias foram de fato muito tristes para mim. Perda de uma pessoa querida da família. Por isso, a ausência de posts. Mas quero encarar a morte com a serenidade dos epicuristas, como um processo natural. E, mais ainda, procurar compartilhar o prazer, nunca a dor.

Mas encarar a morte com naturalidade não me impede, por exemplo, de considerar Suzane Von Richtoffen e seus dois comparsas como um subproduto imundo dessa era moderna, em que o ter suplanta o ser. O capitalismo que produz, no nível da índustria, escória de todo tipo, produz, no nível social, seus lixos humanos, escória da sociedade.

Kali.
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domingo, 1 de dezembro de 2002

Dois Poemas

Só porque hoje é domingo, ontem foi sábado e sexta-feira eu fiz dois poemas de que gostei muito, vou mostrá-lo aqui para vocês. Mas antes, vocês terão que ler o post abaixo, da Juliana, do blogue Texto Livre. Eu cheguei lá através do blogue Que Droga de Vida, da Constanze, de quem já falei aqui. Constanze pedia a seus visitantes para irem ao Texto Livre dar uma força para a Juliana (Ju), pois ela estava precisando muito. Entro lá e me deparo com isso:

"Não há muito o que dizer. Na última terça-feira eu mandei assassinar friamente o ser mais importante da minha vida: a Frances. Pode soar dramático, pode parecer piada, mas é sério, muito sério. Não vejo muito sentido em continuar achando alguma graça na vida. Fiz uma coisa que não queria, me arrependi apenas alguns minutos depois, mas já não tinha mais volta. E agora terei que conviver com a culpa, com a saudade e com essa dor que parece que nunca vai passar."

"Não consigo trabalhar, não consigo conversar, estou com raiva do mundo. Tenho ódio de mim. Tenho ódio dessa vida maldita que conseguiu descobrir meu ponto mais frágil (talvez o único) e me atingiu com um golpe muito, muito baixo. Não há palavra para me consolar. Não há abraço que me conforte. Não há piada que me faça rir. Tudo perdeu o sentido. Eu sei que esse desânimo vai passar e um dia eu voltarei a brincar como antes, a fingir que a vida pode ser boa, a distribuir sorrisos sem sinceridade, tentando enganar minha própria certeza: isso não vale a pena."

"Enquanto isso, vou me esconder em uma caverna em companhia da autopiedade e curtir a minha dor, a única coisa que é minha, só minha. Que ninguém vai tirar de mim. Talvez eu volte em dois dias, talvez demore dois anos. Talvez eu não volte nunca. Quem me conhece sabe o quanto isso tudo está conseguindo acabar comigo. Agradeço a todos que passaram por aqui, riram comigo, me fizeram enxergar coisinhas boas no meio de tanta merda, me fizeram acreditar mais em mim."

"Abaixo, os últimos minutos de vida da Fran. Para os que não me conheciam, o fantasma por trás dela sou eu."

E seguiam quatro fotos da Frances. O fato de Juliana referir-se a si própria como "fantasma", a mim mostrava o grande grau de culpa e de angústia que havia nela por causa de sua atitude. Então deixei nos comments esses dois poemas e enviei um e-mail para ela. Minha intenção foi a de tirar dela todo o seu remorso.

POEMA PARA FRANCES

Queria dar seu último salto,
Para o mundo dos sonhos lautos.
Ansiava à beira do derradeiro obstáculo,
Mas já não podia pular po si só
E só aceitaria ser ajudada
se fosse arremessada
por uma força grandona,
pela mais grata persona.
Conseguiu o que tanto queria:
Lançou-se no espaço etéreo
pelas mãos de sua dona.

POEMA PARA JULIANA

Tinha uma cadela.
Um dia, com seus olhos pidões,
a cachorra, num latido angustiante,
lhe pediu suplicante:
"Me leva, para que eu possa viver!"
"Claro, meu amor! te levarei agora
para a vida que queres ter."
E com doçura, enlaçou-a com a coleira
e levou-a para viver.
Mas só a alma foi junto com a cadela.
E o corpo que ficou
achou que tinha matado ela.

Se poesia não serve para acalentar o coração das pessoas, não serve mais para coisa alguma...

Kali.
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Não falo de mim,
mas do mundo,
bem mais importante
e interessante.
Quiçá, mais bonito :Þ

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Kim Anderson
textos: kali