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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A jornada humana pelo tempo livre

Em muitas famílias, há um pai de 50 anos que trabalha dez horas por dia
e um filho de 25 anos completamente desocupado.
Se os dois trabalhassem cinco horas cada um,
provavelmente seriam mais felizes.

Domenico de Massi,
sociólogo da Univerisdade La Sapienza, em Roma.

Quando expulso do Jardim do Éden, sob os efeitos clarividentes do fruto do conhecimento ainda em digestão no estômago, e sob a maldição divina de que deveria tirar seu sustento da terra com trabalhos penosos todos os dias de sua vida e comer o pão com o suor do seu rosto, o homem tirou sua primeira conclusão como ser inteligente: "o paraíso é não trabalhar".

De lá pra cá, na luta por sua sobrevivência, o homo sapiens tem dedicado seus melhores esforços na redução dos esforços a dedicar. Obteve avanços extraordinários. Não foi fácil. Da jornada de 15 horas do início do século XIX à atual jornada de oito, teve de derramar muito sangue perante a História para derramar menos suor durante o dia.

Para o economista burguês John Maynard Keynes, a sociedade moderna pode atender plenamente às suas necessidades com apenas três horas de trabalho diárias diante da produtividade alcançada. E o que são as crises econômicas senão o excesso de produção gerada pelo excesso de trabalho ao qual milhões estão submetidos e do qual milhões estão alijados? Mesmo com todo o desenvolvimento tecnológico, voltado inteiramente para a redução do trabalho aplicado à produção, o que se vê é sobrecarga de trabalho para uns e desocupação total para outros. Apesar dos benefícios da redução do trabalho para o indivíduo e para a sociedade, toda a ideologia dominante a ela se opõe. Idolatra-se o trabalho como a fórmula de sucesso e engrandecimento humanos, diante da qual a luta por redução de jornada se apresenta como retrógrada, ainda que todo esforço do capital seja justamente o de restringir ao máximo o tempo exigido na produção, porém explorando ao máximo os que trabalham. Toda invenção do homem para poupar trabalho é revertida pelo capital para fazê-lo trabalhar mais. Para obter 48 horas de trabalho, um empresário jamais vai multiplicar oito trabalhadores vezes seis horas enquanto puder multiplicar oito horas vezes seis trabalhadores. "O trabalho dignifica o homem", "o trabalho tudo vence", "a preguiça é a mãe de todos os vícios" é o que se ouve, o que se fala e o que se escreve. Porém, não se explica por que as criaturas mais pobres e rudes são as que mais trabalham, e as mais abastadas são as que justamente nada fazem, como o capitalista financeiro que fica rico com o dinheiro e o trabalho alheios, sem mover uma palha, desmistificando a idéia do trabalho como fonte por excelência da ascensão pessoal e social. Toda tecnologia é voltada para a exploração do ser humano e não para seu engrandecimento. Toda inovação tecnológica obtida para reduzir trabalho é usada contra o próprio ser humano para fazê-lo trabalhar ainda mais intensamente. Ao se defender redução de jornada, não se busca apenas a apropriação do tempo livre pelo qual o ser humano tanto lutou e ao qual faz jus, mas também para socializar o trabalho existente – questão fundamental para tirar da barbárie muitas vidas hoje entregues à mendicância, à inanição, ao tráfico de drogas... à própria sorte, enfim.

A luta dos trabalhadores pela redução da jornada de trabalho é importantíssimo para a sociedade na medida em que expressa a luta pela redistribuição do trabalho social disponível. Eis um esforço para o qual vale a pena fazer hora extra.

Kali.
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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Big Baita Besteira 9

Imagem: Rede Globo + Kali :)

BBB. Barangas Balangando a Bunda. Bial Bancando o Bobão. Blá-Blá-Blá...

Desculpem-me os adeptos, mas acho esse negócio de Big Brother Brasil a maior bobice, bobagem, bobeira, tá ligado? Então desliga. Atraso de vida. Gente medíocre sem nada a acrescentar. A fórmula até poderia ser interessante, se a Globo colocasse lá gente que tivesse algo a dizer, além dos lugares comuns. Muita mediocridade. Além disso, dá para notar que ali não se permite opinião e crítica política, econômica, social. Mesmo se permitisse, os selecionados não seriam capazes de emití-las. Tudo se justifica pelo dinheiro, líder supremo da humanidade, Senhor de tudo e de todos, dos ateus, dos agnósticos, dos fiéis e dos descrentes, das beatas e dos indecentes, dos patrícios e dos plebeus, dos opacos e dos reluzentes, dos obreiros e dos indolentes, dos milionários e dos indigentes, dos católicos e dos crentes, dos presidiários e dos presidentes, dos juízes e dos deliquentes, dos gregos e dos troianenses...

Então é isso. Não tenho estômago para ver esse troço. Pactos de eterna amizade, esses negócios de gente cretina, acreditando em coisas que só existe naquele mundo. Me lembra muito a alegoria da caverna, de Platão. Gente acreditando em sombras e fantasmas. E o Bial querendo dar um ar lírico e dramático à toda aquela mediocridade. A fama pela fama, sem nada que a justifique. Um circo de mau gosto. Fala sério.

Ponto positivo: não deixa de ser uma forma de retratar o espírito de uma época e de expor o comportamento humano para que nos vejamos nesse espetáculo de baixa categoria.

O problema é que ninguém olha aquilo como espelho.

Kali.
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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Jarbas Vasconcelos, o bolsa família e Arnaldo Jabour

Imagem: SBG Arte

Dizer que político brasileiro é corrupto, não é bem acusão, é redundância. Mesmo assim, vem um deles e diz que os demais são corruptos. Estou falando do Jarbas Vasconcelos posando de bom moço. Senador, ex-governador de Pernambuco etc. e tal, mais etc do que tal. Só Arnaldo Jabour para acreditar nele.

Primeiro. Quando foi governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos acabou com a corrupção naquele Estado ou praticou, juntamente com os correligionários do PMDB a quem hoje acusa, o mesmo e velho esquema da política brasileira, de favorecer, em licitações viciadas, as empresas que bancaram sua campanha? Não ria, Jarbas, fala sério.

Segundo. Tenho outras suspeitas para não me fiar no discurso do senador. Na entrevista que deu a Veja, a revista mais vendida do Brasil, um detalhe me chamou a atenção. Ele disse:

[...] Há um restaurante que eu frequento há mais de trinta anos no bairro de Brasília Teimosa, no Recife. Na semana passada, cheguei lá e não encontrei o garçom que sempre me atendeu. Perguntei ao gerente e descobri que ele conseguiu uma bolsa para ele e outra para o filho e desistiu de trabalhar. Esse é um retrato do Bolsa Família.

Espere aí, cara-pálida! Tem algo errado nisso. Que trabalhador no Brasil vai largar a profissão de garçom, o salário, 13º, gorjetas e férias para receber no máximo R$ 182,00. Veja aqui e no texto abaixo.

Benefícios

Os valores pagos pelo Programa Bolsa Família variam de R$20,00 (vinte reais) a R$182,00 (cento e oitenta e dois reais), de acordo com a renda mensal por pessoa da família e o número de crianças e adolescentes até 17 anos.

O Programa Bolsa Família tem três tipos de benefícios: o Básico, o Variável e o Variável Vinculado ao Adolescente.

O Benefício Básico, de R$ 62,00 (sessenta e dois reais), é pago às famílias consideradas extremamente pobres, aquelas com renda mensal de até R$ 60,00 (sessenta reais) por pessoa (pago às famílias mesmo que elas não tenham crianças, adolescentes ou jovens).

O Benefício Variável, de R$ 20,00 (vinte reais), é pago às famílias pobres, aquelas com renda mensal de até R$ 120,00 (cento e vinte reais) por pessoa desde que tenham crianças e adolescentes de até 15 anos. Cada família pode receber até três benefícios variáveis, ou seja, até R$ 60,00 (sessenta reais).

O Benefício Variável Vinculado ao Adolescente (BVJ), de R$ 30,00 (trinta reais), é pago a todas as famílias do PBF que tenham adolescentes de 16 e 17 anos freqüentando a escola. Cada família pode receber até dois benefícios variáveis vinculados ao adolescente, ou seja, até R$ 60,00 (sessenta reais).

Das três, uma. Ou o senador está mentindo, ou o dono do restaurante amigo do senador paga menos do que um salário mínimo (R$ 465,00) para o garçom que fugiu para o Bolsa Família, ou o senador caiu numa desculpa esfarrapada de mais um dos milhares de empresários que estão demitindo trabalhadores Brasil afora.

O pior não é isso. Conversa mole é típico de político brasileiro mesmo. O problema é um cara como Arnaldo Jabour cair na conversa do Vasconcelos. A intelectualidade brasileira, pelo menos essa que aparece nos jornais e revistas, é muito facinha, muito facilmente manipulada. Logo ela que deveria nos alertar dos discursos enganosos e demagógicos. Não. Caem como uns patinhos.

Kali.
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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Um poema para Natália e sua mãe

Quem me acompanha já deve ter lido meus dois posts sobre Natália Davel, aqui e aqui, um em 2005 e outro em 2008. Uma menina cuja morte foi tanto incompreendida quanto comovente.

Natália era filha única. Recentemente, recebi um comentário de sua mãe e trocamos algumas mensagens por email, o que redundou no poema abaixo que ela me pediu e eu tive a honra e a emoção de fazer. Ela gostou muito, o que me deixou muito feliz e gratificado. Teve a gentileza de me enviar, a pedido, uma foto da filha que eu nunca conheci.

Fiz o poema em forma de diálogo entre mãe e filha. Espero que tenha aliviado um pouco da angústia de uma mãe que perdeu sua única filha de forma tão dramática. O tratamento na segunda pessoa foi para acentuar a atmosfera transcendental do diálogo.

MÃE E FILHA Kali

- Filha minha, porque partiste tão fugaz,
Sem despedidas, tão audaz?
Não te cuidaste que tal destino
Seria tido por desatino?
Não te atinaste da dor que irias deixar
Neste peito meu, colo que te acolheu por toda a vida,
Que ainda dói, depois de tanto que doeu?
Minha vida em noite se fez
Depois que a tua se desfez
Naquela noite que não amanheceu.
Teus sonhos eram o sono das minhas noites
Noites de paz, da paz que se perdeu.
Tua vida, o sol das manhãs
Dos dias que viraram breu.
Por que foste assim tão brevemente,
Tão lacônica, tão silente?
Não vias o quanto tua ausência seria tão presente
Se tua presença se tornasse tão ausente?

- Minha mãe, porque vives assim tão sem paz,
Tão triste, tão aflita, magoada assaz?
Não confias em tua filha?
Só te firmas em mim naquilo que te apraz?
Se parti em silêncio na noite calada
Foi por causa de um rasgo de luz
Que se abriu na escuridão fechada,
Um tudo vindo do nada,
Um força que mais forte seduz,
Que se abriu por um instante, por um átimo, por um triz
E atingiu em cheio o vazio do meu peito,
E acertou de todo toda a dor
A que meu ser estava afeito.
Mãe, só tive tempo de ser feliz.
Me perdoa o mal que fiz,
Do adeus que não dei, do beijo que não deixei,
Da despedida que não quis.
Mas saiba tu e todos, a um só tempo,
Que só tive o tempo de ser feliz.

Kali.
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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Mais crise, a venda do Banestes e os pobres empresários capixabas.

Essa crise toda e os governos do mundo inteiro, Brasil no meio, enxertando dinheiro na economia (isto é, nas empresas privadas) para "alavancar" o mercado.

É claro que essas medidas só aumentam o tamanho da crise, por mais incrível que pareça. Eu explico. Pensem comigo, caros ouvintes.

O que é a crise? Já pensou para parar, digo, já parou para pensar? A crise numa economia capitalista representa um colapso no processo de produção e circulação de mercadorias em virtude da impossibilidade das empresas de obter dinheiro para o pagamento das obrigações assumidas. Essa incapacidade é provocada em última instância pela não realização da venda dos produtos ao consumidor final, necessária para garantir e liquidar as operações de créditos feitas a partir da expectativa dessas vendas não efetivadas. Em útlima análise, a crise vem da pobreza reinante no sistema capitalista, em contraste com a superprodução e a supercirculação de mercadorias baseada no crédito.

Então, se entra dinheiro para acelerar e expandir esse processo, só vai fazer aumentar o tamanho da base em que a crise se formou, não? Tipo jogar combustível no incêndio, à guiza de apagá-lo. Não foi o exatamente o crédito que gerou a superprodução? Então.

Minha teoria é essa. Vamos ver.

arte: Kali

Tem esse negócio da venda do Banco do Estado do Espírito Santo, o Banestes, para o Banco do Brasil. Até aí, tudo bem, que crise é assim mesmo, hora dos pequenos serem engolidos por inteiro pelos grandes.

A questão é que os empresários capixabas, através do movimento Espírito Santo em Ação, publicaram uma nota nos principais jornais aqui do Estado (são só dois, tá? e banco não tem mais nenhum) apoiando a venda.

"E daí, Kali? Empresário apoiar venda de patrimônio público é o normal, não?" É. Mas a nota é muito estúpida, isso que eu quero dizer. Olha só. Eles elogiam o governador Paulo Hartung pela venda do banco estadual sob o argumento de que o Estado não deve ter um banco, que essa atividade deve ser deixada para a iniciativa privada - isso diante da quebradeira dos principais bancos privados do mundo e sendo socorridos pelo Estado - e depois, na mesma nota, também o elogiam por ele ter vendido o Banestes para o Banco do Brasil, uma entidade federal "centenária, renomada, altamente respeitada".

Faltou dizer: "...e estatal" hahahahahahahaha

Cara, o empresariado capixaba é muito cômico. São muito pobres. De espírito, claro. De espírito santo hahahaha.. Classe DDD! De Dar Dó! hahahaha

Kali.
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