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terça-feira, 28 de março de 2006

O drama de Capitu e Bentinho

"AGORA, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a prmeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca
nem os de cigana oblíqua e dissimulada."

Como atingi os 26 comentários no post anterior, ponho-me a traçar as linhas de um novo, conforme prometi. Claro que devo isso bastante a Adriana e a Erika, que conspiraram a meu favor :) . Obrigado, queridas. Se este post sair com ar de precipitado, a culpa é de vocês duas rsrs..

"Kali, por que 26 comentários e não 27 ou 49?".

Não sei. Veio-me à cabeça. Mas não vou mais condicionar novo post a quantidade nenhuma de comentários. Mas vou impor uma quantidade para NÃO POSTAR NUNCA MAIS. Isso aí. Estão avisados: se um dia não aparecer comentários por aqui, fecho o boteco. Comentários é que mais me anima a escrever aqui, capite?

"Captei, Kali."

Antes, porém de dar início ao mais tenro post, aviso que saiu o n.º 5 de Iscas Lógicas, de Jussara Simões. Para ler as anteriores, clique aqui.

Acontece que acabei de reler Dom Casmurro, do nosso Machado. Não, não estou fazendo Vestibular de novo. Reli porque é um dos melhores livros da Literatura Mundial, com certeza. Embora não seja culto e letrado, atrevo-me a afirmar que Dom Casmurro se iquala às obras de Shakespeare, de Balzac ou de qualquer outro gigante da Literatura Universal. É o que eu penso. Impressionante a história de Bentinho contada por ele mesmo. Sei lá, mexe com você de uma tal maneira... te deixa um vácuo no peito, uma angústia que só os grandes romances conseguem fazer. Desfecho dramático. Quem lê Dom Casmurro leva um baque... um tombo... sei lá, é desconcertante. Confesso que até hoje esse romance me causa um impacto muito grande.

Tem aquela conclusão dos cursos pré-vestibulares de que é imposssível saber se Capitu traiu ou não traiu Bentinho, porque o romance é intimista, narrado na primeira pessoa, essas coisas. "Disconcordo, teacher". Para mim, que até me identifiquei com o protagonista - não por questão de traição, mas pelo aspecto meio reservado, retraído, pensativo do personagem - Machado deixou bastante claro que Capitu realmente traiu Bento com o melhor amigo dele, Escobar. A mudança de sua principal característica psicológica - a personalidade forte, a firmeza de caráter e de opinião - a partir do momento em que Bento lhe joga na cara que Ezequiel não era seu filho, e a aceitação do rompimento e da condição imposta por Bentinho de largá-la na Suiça com o filho deixam evidente seu sentimento de culpa. Ela jamais aceitaria tudo aquilo se a grave acusação de ter gerado um filho de outro homem fosse falsa. Never, meu caro, never, minha cara.

"Ao cabo de alguns meses, Capitu começara a escrever-me cartas, a que respondi com brevidade e sequidão. As dela eram submissas, sem ódio, acaso afetuosas, e para o fim saudosas;
pedia-me que a fosse ver."

Pelo estilo da narrativa, pelo enredo, pela riqueza psicológica de seus personagens, pela densidade emocional e dramática da obra, pela finas e melancólicas ironias, pelo brilhantismo do autor, Dom Casmurro é um livro que ficará para sempre na História da Literatura. Podem acreditar, meus caros.

A releitura deu inspiração para um conto. Mas isso é assunto para um próximo post.

Kali.
Gostou, assine.


 

sexta-feira, 24 de março de 2006

Mondicoisa

Hoje eu fiz um post grandão. Mas não se preocupem. Dá pra ler durante o fim de semana. Tem até um conto no meio. Se você conseguir chegar ao final, não se esqueça de deixar um comentário. Pois só vou publicar outro post quando tiver pelo menos uns 26 comentários, tá bom?

Assim será.

A não ser que não seja, claro.

1. Mulher e futebol

Sábado passado bati meu próprio recorde. Às 9h da manhã estava na Praia da Costa jogando bola. À 1h da tarde já estava no campo do Tupi para o jogo que começaria às 2h. Lá pelas 4h, direto do Tupi, já estava de novo na Praia da Costa para um futebol de areia que só terminou lá pelas 7h da noite. Mas não se preocupe: no Domingo teve mais, claro. Quarta e quinta também jogo à noite, futebol Society, no Gauchão, em Campo Grande.

Algum problema, não, né? Ah, bom. Primeiro, que eu gosto de jogar bola. Segundo, que o futebol me dá uma forma e uma conpleição física invejáveis, melhor que as academias que dão aos rapazes troncos largos, pernas bambas e bundas moles. E nenhuma resistência física.

Sobre essa fomeagem de bola, uma vez, olhando para o céu no campo do Tupi, 1h da tarde, um sol de torrar amendoim na laje, falei uma coisa para meus companheiros que fez todos rirem:

- Cara, a gente precisa ser muito fominha pra jogar num horário desse. Se fosse feito um teste colocando uma mulher pelada deitada ao lado de uma bola de futebol, todo mundo daqui voaria em cima da bola, com certeza!

Claro que isso foi uma piada, né. Pelo menos no meu caso, claro que eu pularia em cima da mulher nua.

Eu hein! Não se pode bobear. Vai que ela tá aí só pra roubar a bola.

2. Do Amor e Outros Demônios

Acabei de ler esse livro de Gabriel García Márquez. Ambientado na América Latina, na época da colônias espanholas, conta a história de Sierva María de Todos los Ángeles, uma menina mordida por um cachorro raivoso e que, ao nascer, a mulher negra que dela cuidou prometeu a seus santos que, se lhe fosse concedida a graça de viver não se cortaria o cabelo dela até a noite de seu casamento.

Um pequeno trecho:

...
   Cayetano, meio de brincadeira, e meio a sério, se atreveu a soltar o cordão do espartilho de Siverva María. Ela protegeu o peito com as duas mãos; houve uma chispa de raiva em seus olhos e uma rajada de rubor lhe incediou o rosot. Cayetano lhe agarrou as mão som o poelgar e o indicador, comk se estivessem em fogo vivo, e as afastou do peito. Ela tentou resistir, e ele lhe opôs uma força terna, mas resoluta.
   - Repete comigo - disse: - "Enfim a vossas mãos hei chegado."
   Ela Obedeceu.
    - "Onde sei que hei de morrer" - prosseguiu ele, enquanto abria o espartilho com seus dedos gelados. Ela repetiu quase sem voz, trêmula de medo:
   - "Para que só em mim seja provado o quanto corta uma espada num rendido."
   Então ele a beijou nos lábios pela primeira vez. O corpo de Siver María esrtremeceu com um gemido, e ela soltou uma tênue brisa marinha e se abandonou à própria sorte...

Sem comentários, a não ser um único: quando Gabriel García Márquez começa a escrever, o mundo deveria fazer silêncio.

3. Do demônio Elvis e outros cantores

Não tem aquele cantor de rock que fez horrores de sucesso nas décadas de 50, 60 e mesmo na de 70? Então. É, o Rei do Rock, isso, isso. Calhou de cair um DV Dele em minhas mãos. ALOHA FROM HAVAII, edição de luxo com 2 DVD's. São dois shows relaizados em 12 e 14 de janeiro de 1973 (acho que os primeiros transmitidos via satélite para quase todo o mundo). Tem também outras coisas, mas o melhor mesmo é o segundo show, embora o repertório tenha sido praticamento o mesmo do primeiro (no primeiro ele devia estar cansado, sinceramente; não estava muito a fim de cantar, não). Mas ouvir o Rei do Rock & Roll cantar Something, Welcome to My Word, I´ll Remember You e Can't Help Falling In Love é impagável, apesar dos cento e poucos reais que custou o DVD.

Impressionante a voz e a empatia desse cara. Se o ditado "quando um burro fala, o outro abaixa a orelha" estiver correto, então deve-se dizer "quando Elvis canta, os cantores do mundo inteiro deveriam ficar calados." Fala sério.

4. Outras manias

Lembrei-me de outras duas manias que tenho (tudo bem, no post anterior era pra dizer só cinco mesmo). Uma é de chupar limão com sal. Desde pequeno. E tem uma coisa: acho que limão faz crescer, pois cheguei a 1,82m, veja só. Acho que o fato me levou a essa mania foi uma frase que ouvi quando criança, de um amigo meu para outro: "você é feio assim mesmo ou tá chupando limão?". Acho que é uma precaução para o caso de alguém dizer que sou feio. Freud explica. Mas é bom e saudável. Ser feio? Não, eu tô falando de chupar limão, tá ligado?

Outra mania que tenho é produzir um som soprando nas mãos em formato de concha (mais ou menos como esses dois aí de cima estão tentando fazer e não conseguem). Sai um som parecido com o canto de um corvo ou de uma coruja, sei lá, dependendo de qual bicho estiver mais cavernoso. E faço isso em todos os lugares. No serviço, na rua, na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapê. O som produzido é muito legal. O problema é que só eu acho isso. Um dia, um colega meu me perguntou:

- "Por que você faz isso, Kali?". Eu respondi:

- "É meu canto para atrair fêmeas. Mas devo estar cantando desafinado porque só tá aparecendo veado!". Quaquaraquaquá.... ´D... Eu ri muito da cara dele viu, ri mesmo. Rarará... tô rindo até agora.

5. On the beach

Boa parte desse post foi feito sobre as areias da praia. Praia da Costa, m ais exatamente. O problema é o seguinte, dois pontos. Ô praia imunda essa! De longe, tudo bem, mas chegando perto, você não vê um palmo sem detritos. Palito de picolé, guimba de cigarro, tampa de garrafa, plásticos, restos de comida... tudo quanto é imundície. Tá, a prefeitura passa um trator, limpando. Mas só pega o grosso: absorventes femininos, fraldas descartáveis... "Kali, Você só pode estar de sacanagem!". Então vem ver, mané!

E pensar que o ser humano (entenda-se: os moradores de Vila Velha e visitantes) encontraram a porra dessa praia limpinha, branquinha... Tá ficando até com uma cor meio amarronzada, por causa da matéria orgânica jogada. Vergonha. Acho que a areia só não está toda preta porque o mar vem toda noite limpar, lambendo-a carinhosamente. Depois os índios, que consideravam a Lua, as praias, os mare sagrados, é que são os atrasados. Fala sério! Tô com muita raiva! Estava pensando até em fundar uma ONG para lutar pela limpeza das praias, mas... sinceridade? Acho que não tem mais jeito não.

Porra! No sábado, NO CAMPO DE FUTEBOL TINHA MERDA DE CACHORRO! Nós, os trogloditas adeptos do violento esporte bretão é que tivemos que limpar. O que é isso? Campo de futebol é lugar sagrado! Parem com isso, cambada de porcalhões! Se eu tivesse visto o cachorro fazendo aquilo eu, falaria para o dono ou para a dona:

- Ei! Não vai cagar também, não?

Que coisa! Todo sábado e domingo à tarde, quando vamos jogar bola, temos que limpar o campo de restos de comida e o diabo. O filho da puta do dono da barraca coloca as mesas na areia da praia, dentro do campo, para ganhar dinheiro, como se o espaço público fosse dele. E os consumidores - que devem ser irmãos do dono da barraca, porque também são filhos da puta - jogam tudo o que é porcaria na areia. Vão pro inferno! Um amigo meu me disse que uma vez em Camburi (e foi na Barraca do Loiola, a mais badaladas delas) sentou à mesa e pediu ao garçom para limpá-la, pois estava suja, com pratos e restos de comida. Sabem o que o desgraçado fez? Tirou os pratos. Os restos que estava sobre a mesa ele jogou tudo com a mão sobre a areia da praia. F-I-L-H-O D-E U-M-A P-U-T-A!!!!

Não tem aquela famosa frase de Euclides da Cunha, "O NORDESTINO É ANTES DE TUDO UM FORTE"? Então. Anota aí, agora, uma frase que também vai ficar na História. Talvez até perguntem pelo autor no próximo vestibular da Ufes. Se perguntarem, digam que foi Kali, eu garanto:

O CAPIXABA É ANTES DE TUDO UM PORCO.

Com a importante colaboração dos turistas mineiros e cariocas, diga-se de passagem, sem a qual, o processo de emporcalhamento das praias capixaba teria sido muito mais difícil.

photo.net

6. Um conto

DUETOS Kali

Estudante de Odontologia, ela tinha 25 anos e, prenhe de paixão e admiração por ele, lhe disse que nunca havia transado com nenhum homem. Disse que gostaria de ter sua primeira relação sexual com uma pessoa especial de quem gostasse muito. "É. Eu espero meu príncipe encantado, sim." Ele ficou surpreso e ao mesmo tempo tocado, agradecendo a confiança de lhe confessar um coisa tão íntima no primeiro encontro. Louise era o nome dela; Fábio, o dele.

Embora já se conhecessem há algum tempo e trocado carinhosos elogios, era a primeira vez que ficavam a sós. Dentro de um carro, numa estrada, sentiam-se quase à vontade, não fossem duas questões quase intransponíveis: o perigo de serem assaltados e o fato de ele ser casado.

Mas o papo rolou entre falas e beijos. Ela confessou que era muito difícil para ela namorar um homem casado. Sua formação católica criava uma confusão enorme em sua cabeça, embora quisesse estar exatamente naquele lugar e em nenhum outro, mas evitava que ele tocasse em seus seios. Chego a morder sua mão, à brinca. Ela disse ainda que uma ou outra amiga de faculdade enfrentava uma situação dessas numa boa, pois conseguiam separar o que consideravam a vida de um momento, de um momento da vida, mas ela não. Era muito difícil. Ele quis tranquilizá-la com o argumento de suas amigas conseguiam aquilo porque, para elas, o importante é extrair de cada instante a sua própria magia, sua própria beleza. Disse, que independente de tudo o mais, o desejo é belo, poético. Disse ainda para ela que para ele também era difícil porque tinha uma esposa maravilhosa e que amava. Mas a fala não foi mais convincente que mais um beijo em sua boca, que ela, no início, tentou de toda forma evitar, mas que agora não mais continha.

- Você não pensa em sua mulher?
- A todo instante. Já pensou se ela aparece aqui?

Ela sabia de suas brincadeiras irônicas e sorriu um sorriso meio abatido, meio confuso. Só sabia de uma coisa: estava perdidamente apaixonada.

- Como é o nome dela?
- Fernanda.

Ele abraçou-a e, entre sério e distante, lhe propôs irem a um motel. "Não, não para transar com você, apesar de desejar muito, mas te mostrar algumas coisas que você vai precisar saber quando encontrar com o seu príncipe. O que acha?"

Ela o olhou com meiguice. Tinha muita confiança nele. Topou.

E para lá se foram. Os carinhos e os "ensinamentos" dos toques e das posições foram tomando as proporções que a situação gritava. Já não se importava de que lhe pegasse nos seios. Já não estavam mais vestidos. Não suportaram. Se entregaram, um querendo devorar o outro.

- "Foi maravilhoso", disse ele ao deixá-la em casa.

- "Te adoro!", respondeu ao ir embora.

Teria sido realmente maravilhosa aquela tarde romântica, não fosse por um detalhe: Helena e Gilmar era um casal amigo de longa data de Fábio e Fernanda. Então. Um amigo de Gilmar viu quando Fábio e Louise entravam no motel. E esse amigo comentou o fato com Gilmar, pedindo segredo, pois também conhecia Fábio e não queria causar confusão. Gilmar realmente guardou segredo, mas o problema é que, numa reunião, Helena ouviu Fábio e Gilmar comentando o assunto.

No dia seguinte, o celular de Fábio toca. Era Helena.

- Preciso conversar com você urgente! E em particular!
- Pode adiantar o assunto?
- Não.
- Tudo bem, pode marcar.

Combinaram o encontro. Helena foi direta e incisiva:

- Estou sabendo que você foi para um motel com uma garota. Te viram. Não vá negar!
- ...
- Se você não me comer também, eu conto tudo para a Fernanda.

Fecha-se o pano e apagam-se as luzes.

7. Um poema

LEITURA CÁLIDA Kali

Quando te li, vi a graça das palavras
Quando te li, vi a ironia mais deslavada
Quando te li, vi a desgraça mais engraçada
Quando te li, vi a inteligência mais aguçada.

Quando te li, vi a vida viva
Ardente
caliente,
Calorenta,
Calorosa,
Calorínea.

Mas quem virou a última página
Não fui eu
De um dedo molhado
Em saliva febril.
Virou sozinha, à deriva
De um vento frio

8. Um samba

Acontece que caiu também em minhas mãos o DVD Casa de Samba. Muito legal. Mas tem um samba cantado por Cássia Eller e Noite Ilustrada que é lindo, lindo, lindo. Do samba eu tô falando, não do Noite Ilustrada, ta´ ligado?

Então. A música é VOCÊ PASSA E EU ACHO GRAÇA. Tem expressões lindas como "Sem saber que era nada, fiz meu tudo de você", "dentro em mim", "nosso amor foi uma jura, que morreu sem oração" e "quis fazer você a flor de um jardim somente meu"
. É de Ataulfo Alves (se eu fosse você, eu ouviria essa música; a propósito, estou digitando ao som da dita cuja - show de bola). Deveriam ensinar nas escolas essa música.

VOCÊ PASSA E EU ACHO GRAÇA Ataulfo Alves

Quis você pra meu amor,
Mas você não entendeu,
Quis fazer você a flor,
De um jardim somente meu,
Quis lhe dar toda ternura,
Que havia dentro em mim,
Você foi a criatura,
Que me fez tão triste assim.

Ah! Agora,
Você passa eu acho graça,
Nessa vida tudo passa,
E você também passou,
Entre as flores,
Você era a mais bela,
Minha rosa amarela,
Que desbotou, perdeu a cor.

Lá, lá, lálá, láiá...
Tanta volta o mundo dá,
Nesse mundo eu já rodei,
Voltei ao mesmo lugar,
Onde um dia te encontrei,
Minha musa, minha lira,
Minha doce inspiração,
Seu amor foi a mentira,
Que quebrou meu violão,
Seu jogo, é carta marcada,
Me enganei, não sei porque,
Sem saber que era nada,
Fiz meu tudo de você,
Pra você fui a aventura,
Você foi minha ilusão,
Nosso amor foi uma jura,
Que morreu sem oração.

E agora,
Você passa eu acho graça,
Nessa vida tudo passa,
E você também passou,
Entre as flores,
Você era a mais bela,
Minha rosa amarela,
Que desfolhou, perdeu a cor.
Lá, lá, lálá, láiá......

Kali.
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quarta-feira, 22 de março de 2006

Manias kálidas

Embora não goste de falar de mim - prefiro falar do mundo, muito mais importante e interessante (quem sabe até mais bonito, pois tudo é possível nesse mundo :Þ ) - vou atender a carinhosa convocação da amiga bloguista Murphyta para apresentar cinco manias, de acordo com o enunciado abaixo (só vou me abster de indicar cinco outros bloguistas. Se vai quebrar a corrente, não sei, mas é que não fico à vontade de convocar as pessoas, ok, Murphyta? Mas se o(a) leitor(a) tem blog, porque não participa da brincadeira?

"Cada bloguista participante tem de enumerar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que o diferenciem do comum dos mortais. E, além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para estarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blog's aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blog."

Bembererembembem, como já falei, é meio difícil identificar nossas próprias manias, pois toda mania que a gente tem é coisa muito natural para nós. Só para os outros é que é, veja só. Mas vá lá...

1. Uma das manias que tenho eu já confessei aqui, num questionário que perguntava o que havia debaixo da minha cama. Respondi que é um coisa que está lá desde quando eu era criança, quando tal coisa puxou minha coberta. Foi horrível. Mas consegui ficar com a coberta, graças a Deus. Não sei bem o que é, pois nunca tive coragem de olhar. Com certeza, uma figura horrível, porque, às vezes durante à noite ouço o barulho dela se revirando e o ronco rouco da respiração. São as únicas informações que tenho. É daí que vem minha primeira mania: evito dormir com os pés e os braços para fora da cama. Medo de serem decepados. Nem com um crucifixo amarrado ao tornozelo tenho coragem de expor meu pé para fora dos limites da cama. De jeito nenhum. Nem adianta.

2. Falando em dormir, tenho a mania de enganchar o calcanhar do pé esquerdo com os dedos do pé direito e dormir assim, vê se pode. Não sei se isso tem alguma explicação psicológica, mas é assim mesmo que acontece.

3. Tenho mania de todo dia comer um bombom Serenata de Amor depois do almoço. Considerando que às vezes não dá pra almoçar, mas que o bombom não me escapa, eu diria que às vezes tenho mania de almoçar antes de comer um bombom Serenata de Amor. Vê se pode.

4. Essa eu nem perceberia se um amigo de faculdade não me dissesse ao me encontrar com ele na faculdade à noite: "Porra, kali, você é foda! Você é a única pessoa que eu conheço que sempre sorri de cara quando encontra alguém conhecido. Sempre cumprimenta sorrindo!". Não preciso dizer que ganhei o dia naquela noite, né? O que eu respondi para Eduardo? "É melhor do que cumprimentar chorando, não?"

5. Rapaz, eu tenho uma mania de fazer piadinha e trocadilho com tudo, com todos, em qualquer hora, em qualquer lugar, em qualquer ocasião. Desde que as oportunidades surjam, claro. E o pior é que elas surgem (mesmo porque eu fico à espreita, como um lince para que não me escapem quando aparecem). Pode ser numa reunião, numa assembléia, num blog rarara... Não tem jeito. E na rua, vocês sabem, pois eu já disse aqui, a mania é fazer trocadilho com as mensagens que aparecem nos outdoors, nos adesivos dos carros etc. Não tem a frase "Deus é fiel" que rodam nos vidros dos veículos? Então. Eu pensei em fazer um "Deu, é infiel!" quaquaraquaquá!!!!... ou então "Deise é infiel", mas eu teria problemas com todas as Deises e seus respectivos companheiros.

Além do quê, algum crente analfabeto poderia jogar uma pedra no meu carro.

É isso.

Kali.
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sexta-feira, 17 de março de 2006

Classificados do sexo


imagem: Istockphoto

Aqui em Vitória tem os jornais A Tribuna e A Gazeta. Esses jornais publicam - como a maioria dos jornais do país, creio eu - anúncios de garotas e garotas de programa no caderno de Classificados com os títulos "Acompanhantes" e "Recados", respectivamente. Vejam alguns da edição de ontem (16-03-2006) de a Tribuna, de um total de 245 anúncios publicados (algumas palavras abreviadas no original eu transcrevi por extenso para melhor leitura, e omiti o final dos telefones):

RENATA CASADA COMPLETA Insaciável Rapidinha R$15,00 Vila Velha 3229-****.

BRUNA Morena clara Menina Sapeca Linda e Atrevida R$30, 1h c/ local Centro de Vitóra, 3071-****

EMANUELLE LOIRA 18 anos Pelos Dourados toda linda Gata Fenomenal R$100,00 c/ local 9952-****

SOU 1 DANADINHA! Venha levantar a Minha Sainha e Conferir a Minha Marquinha, Bruninha 3053-**** Carapina

SAMARA LOIRASSA ESTUDANDE DE DIREITO Rosto e seios lindos 105 BUMBUM de Fino Trato 9928-****

LETICIA PROFESSORA Ginástica Malhada Rosto Lindo Bumbum Grande Corpo Escultural 3235-****

MULATA BAIANA Safada na Cama requebra Gostoso c/ seu Popô Guloso www.ilhadoprazer.com.br vanessa 3224-****

MEL LOIRA INICIANTE Estilo Menininha Seios Durinhos Furando a Blusa R$20 24h Vila Velha

ANA CLARA MOÇA DE FAMÍLIA 1º VEZ ANUNCIADA 18 anos Corpinho de Sereia p/ Homens com + de 30 anos 3235-****

Transcrevi esses classificados para tecer algumas considerações sobre esse fenômeno tipicamente moderno, eu que nem sou sociólogo, mas gosto de me debruçar sobre a bancada de um mirante na montanha e sobre realidade das coisas.

Primeiro, um detalhe de menor importância: reparem na criatividade do merchandising: "seios durinhos furando a blusa" haha show de bola. Reparem ainda como certas condições sociais da mulher produzem um efeito atrativo, pois foram explicitadas nos anúncios: mulher casada, professora de ginástica, moça de família, estudante de Direito etc.

Pois é. A prostituição sempre existiu na saciedade humana, digo, na sociedade humana. Dizem até que é a profissão mais antiga da humanidade. O que causa certa perplexidade é o recente e vertiginoso crescimento dessa velha profissão e a diversidade e a naturalidade com que ela bem se desenvolvendo.

Eu atribuo isso a três fatores, dois pontos.

Primeiro. Como essa profissão sempre esteve vinculada às classes mais pobres (embora prostitutas e prostitutos de luxo sempre existiram) - o que é natural, pois o corpo geralmente é único bem que a pobreza tem para vender e tal venda sempre foi dura e moralmente condenada pelas classes mais abastadas - e considerando que uma leva cada vez maior de garotas e garotos de programa são hoje provenientes das classes médias, creio que o fenômeno denuncia um empobrecimento dessas classes em ração, digo, em razão da falta de oportunidades de empregos e de renda. Moça de família também precisa se alimentar e pagar as contas. Visto assim, não é a prosituição que está tomando conta das meninas e rapazes da classe média, mas a classe média que está sendo arrastada para a prostituição para manter seu padrão de consumo e até mesmo a própria sobrevivência.

Ponto dois. O Capitalismo reduziu todas as relações humanas a uma ralação, digo, a uma relação comercial. Reparem como o corpo é vendido. À hora. Como toda mercadoria, as relações humanas também tiverem seu preço estabelecido pelo tempo de trabalho investido, e assim aconteceu também com o sexo. Trabalho humano medido pelo tempo. Em outras palavras, ou melhor, nas palavras de nosso amigo Karl Marx, "a burguesia rasgou o véu de emocionante sentimentalismo que cobria as relações familiares e reduziu-as a simples relações de dinheiro".

O ponto dois só foi possível pelo ponto três: o controle humano sobre a relação sexual tanto no tocante às consequências mais imediatas como gravidez, doenças sexualmente transmissíveis, ereção etc. quanto às exigências indiretas tais como anonimato, facilidade e privacidade de comunicação, locais próprios para os atos sexuais etc (leia-se motéis, inferninhos...). Tais condições foram exemplaramente fornecidas pela era moderna (leia-se Capitalismo): o avanço da ciência garantiu o domínio sobre o sexo (nunca a expressão "lavou tá novo" adquiriu tanto realismo em toda a história da civilização humana), sobre a sexualidade, a paternidade (exames de DNA) etc., e o ambiente urbano e a tecnologia asseguraram o resto (leia-se camas bem protegidas de olhares curiosos).

Tudo isso derrubou em poucas décadas o que a religião, o moralismo e o Estado levaram séculos para construir e manter de pé.

"Foda-se!", diria um mendigo.

Kali.
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quinta-feira, 16 de março de 2006

Post 3F: fatos, fotos e um filme

Falando em fotografia, não deixem de visitar o site da MSNBC e assistir o Show com as melhores fotos de 2005 (em inglês).

Recebi essa dica de Carlos Alberto Teixeira, de O Globo, numa lista de e-mails de que participo. Vou deixá-lo te orientar por mim:

"Quando entrar no site tecle F11 para expandir a tela. Ao final tecle F11 novamente para voltar ao normal. (Aliás, isso funciona sempre e dá um visual melhor à sua navegação.)

Selecione "FULL CAPTIONS" à esquerda e use o botão de "pause" sempre que necessário, pois nem sempre dá para ler toda a legenda para cada foto.

E ligue o som."

Digo mais: tem as melhores fotos escolhidas pelos leitores e as melhores dos editores. E você ainda pode votar em sua preferida (pela estética, votei na do cachorrinho sobre a neve, mas se utilizasse outro parâmetro como dramaticidade ou realismo político, teria que escolher outra). Na barra rolante, vc pode visualizar qualquer foto, sem precisar ficar esperando a sequência automática. Lá você verá fotos como essas (clique para ver melhor ou vá lá de uma vez, que a qualidade é bem melhor:):

Para não dizer que só falo mal de filmes, desse eu gostei muito. Supercrítico, diálogos superinteligentes:

Kali.
Gostou, assine.


 

quarta-feira, 15 de março de 2006

Amendoins e drinks

Desnecessário dizer que as idéias aqui sobre filmes, política, religião e o diabo, por mais contundentes que sejam, são opiniões pessoais. E opinião, como escova de dentes, cada um tem a sua. Minha obrigação é fundamentá-las, mas ninguém é obrigado a concordar com elas, lógico.

Portanto, dona Érika :), óbvio que você deve ver o filme Brokeback Mountain, pois poderá ter uma opinião totalmente diversa da minha e achar o filme muito bom. Boa sorte. Vou até sugerir uma coisa: na cena em que um dos caubóis sente enjôo e vomita num beco após ter transado com o companheiro nas montanhas, fale bem alto para o pessoal na sala ouvir: "Rapaz! O cara engravidou!" Todos vão rir, você vai ver :)

Só mais uma coisinha engraçada sobre esse filme. Soube que propuseram um título brasileiro para ele: em vez de Brokeback Mountain, "Chapada dos Veadeiros" haha.

Na cozinha, eu sei fritar ovo e torrar amendoim. Você coloca uma frigideira em fogo baixo e vai mexendo com uma colher de madeira até ficar no ponto. Só isso (eu tô falando de amendoins, não dos ovos, tá sabendo, né? haha) Fácil pra caramba. E fica muito bom... crot, crot, crot... delícia... crot, crot, crot...

Aliás, torrar amendoim é uma boa terapia, sabe? É também uma boa ter a pia, porque depois tem que lavar as coisas. Mas é um tesão ficar mexendo os amendoins pra lá e pra cá... Só não é mais divertido do que ficar torrando o saco dos outros, não?

Mas eu sei também fazer coquetéis como Cuba libre, Margarita e Alexander. Claro que eu sei.

Se você não sabe, clique nas fotos aí que você aprende. Mas não adianta só aprender. Tem que fazer, e, em fazendo, tomar. Com amendoim torrado, claro.

Ah! O meu amor chegou. Eu a recebi beijando-a e dizendo: minha Canon EOS 20D, amor da minha vida! Por onde você andou, querida?

Não se pode amar máquinas não? Fotográficas pode, né? Pelo menos os fotógrafos amadores.

Kali.
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segunda-feira, 13 de março de 2006

Filmizim

Boa noite. São 18:44h aqui e agora. Estou fazendo um post com uma latinha de cerveja ao lado, vê se poste, digo, vê se pode. "Kali, post de bêbado não tem dono, não, tá!" Calma que o Brasil é nosso! É só uma cervejinha. Nem pega no bafômetro.

Vocês viram o n.º 4 de Iscas Lógicas, de Jussara Simões? Não? Aproveitem e vejam agora que são 18:48h. E vendo, leiam, que tá muito bom, "pra variar".

Ontem eu vi "O Segredo de Brokeback Mountain". Quem ainda não viu, vai assistir pra ver que lixo! Bem ordinário. Não porque trata de homossexualismo. Claro que não. É porque não tem conteúdo nenhum, não tem glamour. Aliás, tem uma frase que resume bem o filme. Ela foi dita pelo dono das ovelhas que contratou os dois caubóis veados pra pastoreá-las. É mais ou menos assim: "Eu contratei vocês para cuidarem do rebanho não para deixar isso por conta do cachorro e vocês ficarem na sacagem." Pronto. O filme é isso, nada mais. Hollywood está fazendo cada vez mais lixo.

São 19:00h. O post acaba aqui, vê se pode.

PS: Dentre as visitas e comentários (adoro!) que recebo, não poderia deixar de fazer menção a uma visita do último post. Foi a Ílvia, do "Ilvía no País das Maravilhas", para quem fiz o poema abaixo, ainda em 2003, que ela me lembrou (aproveitei para pequenas alterações no poema, como sempre faço - sempre vejo defeitos ou os vejo incompletos). Não me recordo das circunstâncias em que o fiz, mas deve ter sido um post dela que me inspirou, coisa que, aliás, eu sempre costumava fazer naqueles tempos. Parece que que ela viu alguém na chuva e começou a chorar, algo assim.

DOÇURA DISSOLVIDA

Levantou-se para um olhar.
Ao mesmo tempo em que o via,
Uma chuva caía
Como mortalha
Em seu rosto,
Em seu corpo a molhá-la.
Dois líquidos fluidos,
Um salgado, outro adocicado
Escorriam confusos,
Sobre seu peito, em par.
Um, de seus olhos derretendo-se
Em mágoa
Outro, do mel de seu corpo
Diluindo-se na água.
Confundiam-se no chão,
Ao pé do seu corpo,
À mão de sua alma.

Kali.
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quarta-feira, 8 de março de 2006

Dia santo

Hoje é o Dia da Mulher, essa coisa gos... maravilhosa! Parabéns, meninas! Vocês encantam o mundo.

Eu gostaria de fazer um post superespecial, como vocês merecem, mas para isso eu precisaria do engenho e da arte de um Camões. Não será possível, portanto. Lamento. Numa singela compensação, ofereço com muito carinho dois de meus poemas dedicados à mulher, poemas que gosto muito.

Antes, porém, duas dicas que vêm a calhar. Quanto à primeira, das batatas, não pensem que é gozação. Recebi de Mascarenhas, de um e-mail de grupo. É uma dica superútil e pode servir também para os homens. A propósito, é uma boa razão para fazê-los entrar na cozinha, pois a dica faz uma tarefa chata tornar-se brincadeira de criança. Clique aqui pra ver (ou na imagem aí de cima).

Outra, bem mais light e dedicada à inteligência e intelectualidade feminina, e que recebi de uma mulher, Leni Balthar, do mesmo e-mail de grupo, é o "guia para ter cultura". Recebi a dica no Natal passado, nesses termos:

Minha dica de Natal é um guia para ter cultura que o Paulo Francis preparou lá pelos anos 90. Ainda vale, claro. Na dúvida de um presente, dê um clássico. Ou fuja do Natal para ler um clássico.

Espero que gostem.

Agora, os poemas. Para escrever o segundo, eu me inspirei - vejam só - numa entrevista de Dercy Gonçalves, acreditem. A pergunta e a respectiva resposta eram essas:

- Há quanto tempo você desistiu dos homens?

- Aos 60 anos, eu ainda tinha namorado. Depois, comecei a perceber que estava me magoando. Eram todos homens mais jovens e oportunistas. Eu pensei "poxa, mas não sou eu o que eles querem, mas as minhas coisas". Então, parei para sempre.

Essa confissão da Dercy me tocou de uma forma bastante particular. Não só pela minha condição de homem, mas principalmente pela comovente e tão comum desilusão feminina diante do comportamento masculino. Daí saiu o Poema do Lábios Trêmulos, que dedido não apenas a ela, Dercy, mas a todas as mulheres apaixonadas que não se vêem correspondidas na grandeza de suas paixões.

O primeiro fala de dois rivais, a mulher e o tempo, que em minha poesia fazem-se amigos.


imagem: www.mystudios.com

A MULHER QUE NAMOROU O TEMPO Kali

Em tempo de se formar,
Formou par com tempo
Que de amor a protegia
Como um macho a sua fêmea,
Como uma fêmea a sua cria.

E ele, assim, dela cuidou,
O tempo, inimigo que não a afligia.

Até que um dia findou-se dos dois o amor
Porque dela findaram-se os dias.
Morreu já velhinha,
Quando o fôlego buscava
E este já não aparecia.

Quem apareceu foi o tempo,
O meigo par de infância,
Em sua lenta e eterna constância
Para dela despedir-se num beijo,
Um doce beijo de lembrança
Pousado sobre aqueles lábios de menina
Agora fechados num sorriso.
Um terno, doce e fresco
Sorriso de criança.


Foto-Fixer

POEMA DOS LÁBIOS TRÊMULOS kali

Os homens nunca me amaram.
Nenhum deles, nem um reles.
Só queriam minhas coisas todos eles.
Nem mesmo o último,
Que queria apenas me beijar,
Que me levou o resto que eu tinha,
O pouco que em mim ainda havia para dar:
Guardados em lábios trêmulos,
Os últimos beijos úmidos
Que ele veio roubar,
Deixando-me só com meus beijos estéreis e secos
Que a homem nenhum em minha vida
Ousei entregar.

Kali.
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sábado, 4 de março de 2006

Um monte de coisas

1. Um show de DVD

Não faço propaganda, apenas indico o que vi e gostei. Então vai. Atenção moradores de Vitória, Vila Velha, arredores e interior do Espírito Santo!: neste domingo, o jornal A Gazeta coloca nas bancas, por R$12,90 o DVD Live By Request, dos Bee Gees, esse aí de cima. Muito legal. Eu já comprei quatro, sexta-feira! Não, não precisava esperar domingo chegar, as bancas já estavam vendendo; e não são pra mim, eu já tenho esse DVD. Comprei pra dar de presente. Um, por exemplo, vou dar para meu irmão. E a promoção também não acaba no domingo. Quem quiser comprar depois, vai poder.

Tudo bem que gosto é gosto, mas esse é um dos melhores shows que já vi. Os irmãos Gibb são realmente muito bons. Um deles já morreu, vocês sabem, né? Então. O Maurice.

2. Um show de filme

Já que estou dando sugestão, ontem eu vi e gostei do filme Noites Brancas (Le notti bianche), de Luchino Visconti, feito em 1957, com Marcello Mastroianni e Maria Schell. Baseado na obra do nosso amigo Dostoievski. Romântico, o filme trata da solidão das pessoas e da expectativa comovente de cada um em dar fim a essa solidão através da busca pelo outro. Nada diferente do que acontece no dia-a-dia de quase todos os seres humanos. O filme é muito bonito realmente. Se por acaso o ânimo de assistir cair sobre você, chamo a atenção para dois detalhes: a atuação comovente e maravilhosa da encantadora Maria Schell e as cenas de dança no bar. Impagáveis. Espero que a locadora não te cobre o preço devido. Boa sorte. Acabo de saber que a atriz Maria Schell morreu no ano passado, coitada. O Google que me contou. Eu não a conhecia, mas já é a segunda vez que ela me comove, veja só.

O filme tem fundo romântico, mas o romantismo não é sua característica principal e nem é o esse romantismo de doar rins aí do post anterior. Ele apresenta uma mensagem filosófica que é mais forte: a busca de companhia pelas pessoas que se sentem sós. É isso. A cena final do personagem de Mastroianni afagando um cachorro de rua e o cachorro correspondendo ao afago diz tudo.

Um parênteses. Vocês sabem que o amor romântico tudo vence, né? É fogo que arde sem queimar, aquelas coisas... Então. O amor faz o homem de joelhos sentir-se de pé. Fala sério.

O ovo da serpente

A revista Caros Amigos republica uma reportagem feita em 2000 sobre o filho bastardo de Fernando Henrique com a jornalista da Rede Globo, Miriam Dutra. Veja aqui e aqui a história, se vc ainda não leu ou ainda não ouviu falar. Como esse FHC é asqueroso. Não assumiu a porra do filho (talvez melhor seria dizer "a porra que originou o filho", pois o filho não tem nada a ver com isso.) e ainda manipulou toda a imprensa nacional para abafar o caso (na verdade, a imprensa vendida é que se deixou manipular, claro).

Com todo respeito que a jornalista Míriam Dutra merece, o caso é emblemático: nos faz lembrar que o auge de sua carreira política, a imprensa abriu as pernas pra FHC, pra não dizer que deu o rabo pra ele. É isso.

3. A Capixabosos de Pilares, o capixaba e os cupins

A Escola de Samba Caprichosos de Pilares entrou na Sapucaí exaltando o Espírito Santo. Se ferrou. Caiu para o segundo grupo. Bem feito! (se bem que por essas duas aí de cima, deveria subir :)

"Pô, Kali! Você é capixaba, uma Escola do Rio canta seu Estado, se afunda e você diz 'bem feito!'?"

É isso mesmo. Acontece o seguinte, dois pontos. Eu gosto do meu Estado, pombas. Meu Estado tem muitas coisas boas e bonitas, como pombas, pombas. Mas tem tanta coisa errada que, se a gente perder o sentido da crítica, as coisas boas se acabam, como, aliás, vêm se acabando faz tempo. Então é uma boa oportunidade para falar um pouco sobre isso, daí o "bem feito!". Falar um pouco só, pois falar tudo é impossível.

Vamos lá, que hoje é domingo, dia bom pra falar mal de tudo e de todos.

"Pô, Kali! Domingo é dia santo, primeiro da semana! Porque esse seria um dia bom pra falar mal de tudo?"

Domingo é um dia bom para falar mal justamente porque é dia santo. Os outros dias, que não são santos, não são bons, são "ótemos" pra fala mal haha

Primeira coisa: o capixaba é um destruidor natural do meio ambiente. Na relação entre o cupim e o capixaba existe uma grandeza inversamente proporcional. Enquanto são necessários 200 mil cupins para destruir uma árvore, um capixaba sózinho derruba 200 mil árvores tranqüilo. Não sobrou nada da Mata Atlântica que cobria nosso território. Foi mineiro e carioca que a destruíram? Não (tá, muitos ajudaram, vá lá). A floresta foi dizimada por capixabas em terrenos de capixabas, utilizando mão-de-obra capixaba, com ferrametas compradas e vendidas por capixabas. Pelo menos em sua maioria. Isso aí não foi retratado na avenida, claro. Nesse enredo, quem sambou mesmo foram nossa fauna e flora.

E não se enganem achando que a devastação parou por aí. Se fizerem um levantamento sobre a destruição da Amazônia, verão que, proporcionalmente, o capixaba ocupará o primeiro lugar, especialmente pelas bandas do Pará. O que tem de capixaba derrubando mata por lá, é uma festa. Mas a concorrência de outros estados é bastante forte e participativa, devo reconhecer.

Segunda coisa: O capixaba destrói seu lindo litoral. O turismo do Espírito Santo não precisa de inimigos. O mais cruel e tenebroso deles já reside e atua aqui: é o próprio capixaba. Na ânsia de ocupar o melhor lugar em frente ao mar, o capixaba constrói prédios na areia da praia. E ainda reclama das taxas de marinha cobradas pela União. Se não fosse essa taxa, acho que construiríamos prédios dentro d'água, tal é a ganância dos especuladores imobiliários e tal é a nóia de morar de frente para o mar. Na Praia da Costa onde eu bato bola, não existe luz do Sol à tarde. Apenas sombra de edifícios. Tem uma praia, a Ponta da Fruta, aqui em Vila Velha, indo para Guarapari, que os caras construíram bares e casas tão perto do mar que precisaram colocar sacos de areia para impedir que a maré alta invada o fino recinto das biroscas e dos lares.

Agora no carnaval eu fui para Vila de Parati, perto de Anchieta. Ia caminhando pela praia, para chegar em Ubu. Não consegui. Num determinado ponto foram construídos muros pelos proprietários dos terrenos à beira-mar que me impediam a passagem. Eu teria que nadar para chegar ao outro lado. Desgraçados. Não tem "Os Passos de Anchieta", uma caminhada de Vitória a Anchieta que reproduz o que seria as indas e vindas do Padre pelas areias das praias? Então. Nesse ponto, os andarilhos tem que passar por uma rua do bairro, porque alguém achou que tinha o direito de construir dentro da praia, com o apoio da prefeitura local, claro. Geralmente o prefeito é ele próprio um especulador ou apoiado por especuladores. Fala sério.

E por aí vai. Todo o litoral do Espirito Santo está comprometido. E constrói-se da pior forma e aplicando-se a mais medíocre das arquiteturas. Embora a pobreza material seja muito constante, a pobreza de espírito prevalece. Pobre Espírito Santo.

Outra coisa: vi nos jornais várias otoridades daqui sambando na Marquês de Sapucaí, como se tudo estivesse na maior das maravilhas no solo espiritossantente. O prefeito Helder Salomão (PT), de Cariacica, por exemplo. Um município caindo aos pedaços, sem dinheiro para nada e o cara aparecendo fantasiado nos jornais. Tem que ser muito idiota, não? Ou cínico, sei lá.

E tem o governador Paulo Hartung, para mim, o mago dos magos do Marketing. O cara não faz porra nenhuma e está com 70% nas pesquisas. Ele diz que "reconstruiu o Estado" e todo mundo acredita. Diz que o "petróleo vem aí, que vai trazer milhares de empregos, de oportunidades e inserir o Espírito Santo na era da modernidade" e outros chavões neoliberais. Todo mundo acredita. Enquanto isso, nada de segurança, de saúde, de educação. Fazer o quê, né? A voz do povo é a voz de Deus. Além disso, o povo não aceita um peso maior do que o que pode carregar. E o povo capixaba tá levando Paulo Hartung na cacunda numa boa.

Tem mais um monte de coisas no meu Estado que me irritam. Coisas podres, coisas repugnantes. E quando houver oportunidades como essa da Capixabosos de Pilares que afundou junto com sua exaltação ao Espírito Santo, eu vou aproveitar para falar. Tá bom não? Então desliga.

Que poste grandão! Vou falar mais não. Ainda mais que hoje é domingo e vou bater bola.

À sombra, claro.

PS: Desculpem a ausência. Foi só de corpo. De espírito, nunca.

Kali.
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Não falo de mim,
mas do mundo,
bem mais importante
e interessante.
Quiçá, mais bonito :Þ

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textos: kali