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segunda-feira, 10 de julho de 2006

Continuação de um conto iniciado

Vou dar continuidade ao conto que comecei, pois promessa é divida e eu posso morrer amanhã cedo e ficar devendo, não é? Então. Espero que gostem (do conto, não que eu morra amanhã cedo), embora eu próprio me reconheça ruim em matéria de contos. Dê um desconto, portanto. E para meus amados leitores não precisarem voltar lááá no post onde o conto foi iniciado, republico-o-o desde o começo.

Antes, porém, quero recomendar um filme que gostei muito. Esse da foto acima (Bem Me Quer, Mal me Quer - À la Folie... Pas du Tout, 2002). Um filme muito bem feito. Mas não é por isso que o recomendo. É por ser bastante poético ao abordar um assunto normalmente tratado com muitos clichês em cinemas. Um dos melhores filmes que vi na minha vida desde o começo deste ano. Filmes franceses geralmente não me agradam, mas esse foi uma deliciosa exceção. Bem, minha obrigação de recomendar coisas que gosto está cumprida, o resto é do gosto de cada um, fazer o quê?

Outra coisa que quero falar antes de dar prosseguimento ao conto é o seguinte: aquela lista das 1.000 melhores músicas dos últimos 30 anos que um alemão elaborou você pode pegar aqui. É que tem muita gente me pedindo e achei melhor disponibilizar logo no blog. Repetindo: as canções estão em formato jpg. Basta mudar a extensão para mp3 na hora de descarregar (ou depois, tanto faz, né?) e, então, ouvir. Como já disse, nessa lista tem muita raça de música boa para ser ouvida e escutada. Mas tudo é questão de gosto, né? Fazer o quê?

Fazer o conto. Então tá. A mocinha da foto, como já disse, é Catherine Deneuve, em Repulsa ao Sexo, filme de Roman Polanski.

A Repulsa

Estava seco por ela. Essa frase traduz bem o que ele sentia quando a via ou pensava nela: uma vontade louca de fazer amor com Lia, pura e tão-somente. Embora algumas circunstâncias provavelmente o ajudassem a conseguir seu intento, como o fato de se verem sozinhos com certa frequência, no elevador do prédio onde moravam, por exemplo, outros fatores atrapalhavam bastante, como a falta de coragem em assediá-la e o fato de Lia ser comprometida e ser muito amiga de Paula, namorada dele, quase noiva.

Mas esses empecilhos não o impediam de se engraçar para o lado dela. Sempre solícito e amável, ia preparando o terreno para um dia - quem sabe Deus ajudasse, o diabo não atrapalhasse e a coragem permitisse - dar o bote. Se ela aceitasse, maravilha.

E talvez por ser a paixão carnal uma das grandes forças da natureza ou porque todo dia é sempre um novo dia, o momento finalmente chegou. Numa tarde tão linda de sol, quando se viu a sós com ela numa sala fechada, tomou coragem e de surpresa veio por trás dela, abraçou-a e mordiscou-lhe a orelha.

O lívido e fundo suspiro que ela deu ao sentir os dentes dele tocar de leve no lóbulo de seu ouvido direito deu a Luís a segurança necessária para ir adiante. Virou-a para si e a beijou. Beijaram-se ambos, efusivamente. As mãos sob a blusa encontraram seios tão macios quanto desimpedidos, totalmente à sua mercê....

Permaneceram naquela entrega corporal mútua e sôfrega por vários minutos, quando repentinamente ela interrompeu todo aquele transe.

- Pare! - Não! - Vai fazer isso com Paula!
- E quem disse que não faço?

E continuaram, pois o desejo era grande. Mas, outra vez, e outra vez repentinamente, nova interrupção de Lia.

- Chega!
- Lia...
- Chega!
- ...
- Chega! Vai embora!
- Ok...

Antes de ir, ainda beijou-a na boca, beijo que ela aceitou por alguns linguados segundos, mas que ela encerrou com as duas mãos no peito dele, resoluta, convicta, decidida.

A partir daquele dia estabeleceu-se uma estranha relação entre os dois. Uma relação muda, ao mesmo tempo consentida e não consentida, sensual mas não consensual, forte, mas que nunca se consumava, nem física, nem emocionalmente. Aquilo que todo mundo chama de "coisa mal-resolvida", mas que sempre se retomava, sem hora nem dia certo, apenas ao sabor de uma oportunidade, do acaso e sempre com a iniciativa de Luís, sempre seco por Lia. E quando ela o questionava, sempre tinha uma resposta pronta, certeira, invocada, sem-vergonha, ainda mais quando os argumentos já eram bem batidos.

- Não é com seus sentimentos que quero brincar, é com seu corpo mesmo!

E assim as coisas continuaram. Amassos, amassos e, de repente, não mais que de repente, um corte. Seco, afiado.

E um dia, o que não se consumava acabou-se de vez. Encontrando-se novamente os dois a sós, assediou-a outra vez. Só que agora encontrou a rejeição, de cara. Mas insistiu. Nova recusa. Imaginava ele que, como sempre acontecia, bastaria insistir até ela se entregar e... quem sabe não seria esse o dia em que ele finalmente transaria com ela, mesmo naquele lugar tosco em que se encontravam? Mas de novo foi refutado. Nova investida. Ela então resolveu ser totalmente convincente. Mesmo de costas, desferiu um golpe tão violento nos braços dele que ele recuou de vez, parando de incomodá-la. Mais que isso: fez com que ele ficasse totalmente desconcertado, estupefato, não só dolorido. Sentiu-se mal, muito mal. Ficou pasmado com a atitude dela, ainda mais que ela nem mesmo se dignou a virar-se para ele ao ir embora. Sentiu uma profunda vergonha, que nunca havia lhe ocorrido, humilhado. Viu a si mesmo como um animal, um animal abjeto, rasteiro, mendigando sexo, um... javali, algo assim. E a vergonha foi dando lugar a um ódio profundo contra Lia por causa daquilo, por fazê-lo sentir aquela sensação tão ruim. Mudo e parado na mesma posição em que Lia o lançou, começou a...

Continua no próximo post, com certeza.

Kali.
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domingo, 2 de julho de 2006

Em "homenagem" à derrota do Brasil para a França na Copa do Mundo de 2006, no dia 1º de julho.

Volta, Brasil!

Volta Brasil, o baile acabou. Já é tarde e Mademoiselle Zizou precisa descansar. Gostas mesmo de dançar com ela, hein, Brasilzão bonitão!

Aproveita e volta também, Galvão. Tá de bom tamanho. Tua pieguice e tuas palavras toscas não pagam essa mordomia toda que a Globo te coloca à mão. Pare de fazer piadinhas da Argentina. A melhor partida da Copa não foi a deles para Buenos Aires, mas a nossa mesma, para o Brasil. Teve até olé. Você também, Arnaldo César Coelho, volte. A regra é clara: perdeu nas quartas de final, tem de voltar. Fátima Bernardes, volte ao seio da pátria amada para que possamos ouvir de sua bela voz notícias sérias de um Brasil verdadeiro e não idiotices sobre um time de mentira.

Ronaldo, agora você pode também voltar de novo para a engorda. Volte a comer modelos. Elas são magras, mas dão sustança, você é prova disso.

Adriano, volte também pra cá e aproveite para ir àquela instituição onde você fez teste de aptidão profissional para protestar. Era mentira. Devem ter trocado seu exame com o de algum outro garoto bom de bola que hoje está no tráfico de drogas, nas ruas ou no cemitério. Passe também na escolinha onde você começou a jogar bola e diga ao seu antigo treinador que ele te sacaneou ao dizer que você sabia jogar futebol. Fale para ele que criança acredita em qualquer coisa que lhe falam e que ele não deveria te iludir com essa mentira. Pelo jeito com que tratas a bola, Adriano, talvez teu destino fosse o de ser feirante. Sério. Uma profissão nobre se desempenhada com dedicação, amor e desprendimento. Do jeito que Zidane faz em relação ao futebol, entende? Você pode levar jeito com brócolis e beterrabas. Esqueça a bola, Adriano. Volte.

Ronaldinho Gaúcho, esqueça seu cabelo e volte a jogar bola, vai. Eles não vão te fazer ficar bonito, pode ter certeza. É teu futebol mágico que te faz bonito, acredite. E pare um pouco de fazer comerciais ou vão acabar acreditando que seu futebol é apenas um truque de imagem. Volte a jogar de verdade, você sabe. No campo, quanto chutar a bola, se esforce para que ela vá realmente em direção ao gol. Não vai ter nenhum efeito especial mudando a trajetória dela, esteja certo disso. Aquela falta que você bateu contra a França, no final do jogo, lembra? Então. Foi fora, tá? Pode acreditar. Ah, não precisa entrar em campo com nenhum "R" escrito na sua tiara. Todo mundo sabe que você é o Ronaldinho, bobão. Tu tá mascarado que é uma coisa, hein nego! Deixe de ser otário e volte a jogar bola.

Volte, Robinho. Você pode enganar uma nação inteira, até duas, mas você não engana quem conhece futebol. Pare de fazer firulas e jogue sério. Você sabe jogar sério? Duvido. Nunca vi. Pare de saçaricar e seja objetivo. Futebol é jogo de homem, não de moleque, apesar de toda molecagem que o futebol guarda. Garrincha era moleque, eu sei. Mas no futebol, diferente da vida, primeiro você tem que ser homem para só depois, então, ser moleque. Garrincha era moleque sim, mas decidia um jogo, um campeonato, uma Copa do Mundo. Você não é Garrincha. Você é só um moleque. Sua mãe sabe que você tá aí na Alemanha? Volte.

Cacá, volte. Você está orando para o cara errado. Jesus não entende nada de futebol. Os deuses do futebol são outros. E nem são deuses, mas demônios.

Volte você também, torcedor brasileiro na Alemanha. Volte para o país da corrupção, da miséria, das favelas, da fome, da pobreza, da violência, da politicagem, da roubalheira, do mensalão, dos espertinhos e dos espertalhões, dos ladinos e dos ladrões. O baile acabou e você já dançou. Volte para o país de Lula e de Fernando Henrique, dos políticos oportunistas e enganadores. Este é o teu país, esta é a tua pátria. Pare de sujar as ruas da Alemanha, seu porcalhão. Venha jogar teu lixo no solo da pátria-mãe gentil, como você sempre faz. Não faça na casa dos outros o que você faz na tua própria. Tome vergonha na cara e ajude a mudar a cara da nossa nação. Pare de seguir e de se curvar a essa seleção de serviçais do capital de material esportivo e venha fazer algo de útil para nossas crianças desafortunadas, nossos jovens perdidos, nossas mulheres angustiadas e nossos velhos abandonados. Pare de ser o bobo da história. Volte.

Volta, brasileiro, aqui para pertinho da Argentina. É o lugar do Brasil. É o teu lugar!

Kali.
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Não falo de mim,
mas do mundo,
bem mais importante
e interessante.
Quiçá, mais bonito :Þ

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