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segunda-feira, 28 de julho de 2003

Cena cálida

Mais uma que eu vou colocar aí ao lado ==>
(Obrigado, Berenice)

Kali.
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sexta-feira, 25 de julho de 2003

O pulsar da vida

Angel falando do fogo no peito de Zelda Scott-Fitzgerald, que o bombeiro não pode apagar.
Constanze contando que Alexandre, numa sapataria, se declarou a ela.
Tchela agradecendo um presente que uma onda especial trouxe até o seu mar.
Odaríssima, que gosta da letra de uma música, embora tristinha.
Paula, te incitando a assistir a um filme. Ela quer tudo pra você.
Rina Priscilla com muitas dúvidas e pedindo ajuda.
Ai, ai, será que Liane já se curou da gripe?
E se Majarti fosse aquilo tudo, seria um desejo vão?
Ale contando a história da indiazinha que teve seus braços enroscados pelas crinas do pocotó.
E Maria, que chegaram no blog dela com a pesquisa “quero casar”!?
Para Anani Belita, esse negócio de casar é muito sério.
Beta sendo brindada por uma manhã dócil, tranqüila, esquecida de si.
E INSANA, que quer ser uma profissional wed foda? Mas foda, não uma que se vira com HTML, porque isso qualquer um faz :)
E Palova, que quer saber que diabo é isso?
Priscila aniversariando.
Nathalia sendo comparada a um felino e entrando na dança.
Aninha, sentindo a delícia de ter uma mão magrinha, delicada, frágil.
Lana citando a ordem das coisas em Confúcio.
Cora feliz da vida pelo primeiríssimo lugar de sua Rádio Blog.
Aline radiante por descobrir que existem mais estrelas no céu do que grãos de areia na terra.
Não deixem Paula acordar sozinha numa manhã de sábado. É a coisa mais triste para ela.
Em 21 de junho, Jackie contava uma história de Sofia.
Cris, prometendo que visitará a todos que a visitarem.
Lívia falando de seu retorno às aulas quarta e não dando mais retorno :(

 

Kali.
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quarta-feira, 23 de julho de 2003

Futebol, cicatrizes, chuteiras, meiões e estudantes de Direito

Talvez muitos de vocês já saibam, mas a terceira coisa que mais gosto na vida é de jogar futebol. A segunda é de jogar bola, e a primeira é de pelada :)

Acontece que no último domingo eu me ferrei. Uma pancada casual (assim suponho) me abriu o supercílio (descobri que ele não era tão super como se fala). Foi um corte feio. Quando coloquei a mão para sentir, o dedo quase entrou todo na abertura feita. Muito sangue, mas que logo estancou por eu ter mantido o corte fechado, pressionando com a mão. Ossos do ofício - ou melhor, ossos do ócio. Paciência.

Mas o que me tocou mais fundo não foi nem a cotovelada inadivertida do jogador adversário. E nem foi no corpo, foi na alma. Foi quando eu me sentei no banco de reservas, apoiado por dois companheiros, depois de ter ficado estirado por algum tempo no gramado. A cena que se seguiu me comoveu bastante e me fez ficar ainda mais apegado ao nosso tão conhecido e violento esporte bretão.

Como vocês podem suspeitar, eu jogo bola com pessoas muito humildes, tanto no sentido social quanto no sentido econômico do termo. Gente pobre mesmo, que tem dificuldades até de pagar uma pequena quantia do rateio da lavagem do uniforme. Mas pessoas de um coração tão grande quanto o próprio campo onde correm sem fôlego atrás de um bola de couro cheia de ar.

Então. Assim que me sentei no banco e enquanto eu segurava uma pedra de gelo sobre o ferimento com uma das mãos e, com a outra, fechava o próprio ferimento para estancar o sangue, um de meus companheiros chegou e, sem falar nada, pegou o meu pé esquerdo e começou a desamarrar as chuteiras. Outro, sentado ao meu lado começou a desatar o laço da tira que prendia o meião na parte superior de minha perna. Apesar da amizade que tenho com eles, confesso que senti um certo constrangimento com aquelas atitudes tão servis e desinteressadas. Pessoas que provavelmente eu não seria digno de tirar seus chinelos estavam desamarrando minhas chuteiras e meus meiões sem que eu solicitasse o favor, por puro desprendimento de espírito. Tem preço isso?

Estudo numa universidade federal e vivo o contraste entre esse desprendimento e o egocentrismo de boa parte dos colegas de curso de Direito. Os poemas que escrevo aqui geralmente eu levava para a sala de aula onde eram recebidos com frieza e desdém por pessoas voltadas invariavelmente para si próprias, ordinariamente para o estudo, exclusivamente para o sucesso profissional e ansiosamente para um futuro promissor; pessoas que querem a todo instante mostrar que sabem mais que os demais. Pessoas que, não demora, não demora, ainda antes de receber o diploma, vão estar convencidas de que a vida se resume a um processo judicial. Pessoas que querem o melhor para si, a ser tirado dos outros. Enfim, pessoas que serão excelentes advogados.

Kali.
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terça-feira, 22 de julho de 2003

Imagens que (en)cantam

Recebi fotos do show de Kali C. (post do dia 13 de julho). Eis algumas delas. Muito legal. Fotos lindas, sonoras. Eu diria que dá até para ouvi-las. Você pode ampliá-las, se quiser (como se já não fossem grandiosas). Bravo, Kali C.!

Kali.
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segunda-feira, 21 de julho de 2003

Final

Na manhã seguinte, levando outra mulher como companhia e, pretextando fazer um passeio, a senhora Giovanna caminhou até a modesta casinha de Federigo e perguntou por ele. Como o tempo não era adequado para caçar pássaros, Federigo trabalhava na sua horta e, ouvindo que Dona Giovanna o procurava à sua porta, ficou muito surpreso e acorreu cheio de alegria. Ela, ao vê-lo aproximar-se, foi ao seu encontro com aqueles dons femininos de agrado e, respondendo ao seu cumprimento reverente, falou:

-Esteja com Deus, Federigo. E acrescentou:

-Vim aqui recompensá-lo pelos dissabores que padeceu no passado por minha causa, quando seu amor o levou além dos limites da razão. E a recompensa é que ficarei aqui com esta senhora minha amiga para almoçarmos na intimidade com você.

Ao que Federigo humildemente respondeu:

- Senhora, nenhum dissabor me recordo que me houvesse causado, mas somente benesses, e se eu possa ter tido valor em alguma ocasião foi devido ao seu próprio valor e ao amor que lhe devotei. E seguramente esta sua visita de cortesia é mais bem-vinda para mim do que se todo o dinheiro que gastei voltasse à minha posse para poder gastá-lo de novo; mas a senhora veio a um pobre anfitrião.

Com estas palavras, a fez entrar, envergonhado, na sua casa e a conduziu depois ao seu jardim. Não tendo outra pessoa para fazer-lhe companhia, disse:

- Senhora, como não tenho mais ninguém, esta boa mulher, esposa deste trabalhador, lhe fará companhia enquanto eu me ponho a preparar a mesa.

Ainda que sua pobreza fosse extrema, só agora Federigo se dava verdadeiramente conta de como fora gastador e da falta que sua riqueza lhe fazia neste momento. Nada encontrando para oferecer à senhora, em cuja honra esbanjara uma fortuna, ficou angustiado, maldizendo a si mesmo e a sua sorte, correndo para lá e para cá. Sem ter nenhum dinheiro, nem qualquer bem que pudesse penhorar, e querendo tratá-la com tantas honrarias quanto pudesse, mas não desejando pedir nada a ninguém, nem ao seu trabalhador, acabou correndo os olhos por seu estimado falcão, empoleirado na saleta. Nada mais tendo a que apelar, pegou a ave e, achando-a bem gorda, julgou que daria um prato à altura de tão ilustre dama. Sem pensar duas vezes, torceu o pescoço do bicho e o deu a uma jovem criada para depenar, botar num espeto e assar cuidadosamente, enquanto ele colocava sobre a mesa uma toalha e guardanapos alvíssimos, que ainda lhe restavam, e com um sorriso radiante no rosto foi até o jardim comunicar que o modesto almoço que conseguira preparar-lhe estava pronto. Ela e sua amiga dirigiram-se à mesa e, sem saber o que degustavam na companhia de Federigo, que as servia atenciosamente, comeram o bom falcão. Deixando a mesa, depois de se demorar com ele em agradável conversação, sentiu chegada a hora de expor-lhe o que realmente a trouxera ali e, com a maior cortesia, começou a falar:

- Federigo, lembrando sua vida passada e a minha honestidade, que porventura você talvez considere nada mais do que dureza e crueldade, não tenho nenhuma dúvida de que vai ficar chocado com a minha presunção, quando souber por que motivo vim até aqui; mas se tivesse filhos, ou os houvesse tido, para conhecer a força do amor paternal' tenho certeza de que em parte me desculparia. Mas como não tem filhos, eu, que tenho um, não posso fugir à lei das outras mães, cuja força é superior à minha vontade e está acima de outros deveres e convenções, e assim venho, constrangida, pedir de você uma coisa que sei lhe é extremamente valiosa, porque nada mais lhe restou de consolo, ou diversão, no seu extremo infortúnio. Estou me referindo ao seu falcão, pelo qual meu filho criou tamanho apego que, a não ser que eu o leve para ele, receio que possa ter sua saúde tão agravada que eu o venha a perder. Portanto, eu lhe imploro, não pelo amor que me devota (amor que a nada o obriga), mas pela nobreza de sentimentos que sempre o distinguiu acima dos demais, que me deixe ter o falcão, para que eu possa proclamar que salvei a vida do meu filho e por isto lhe serei eternamente grata.

Federigo, ao ouvir o pedido da senhora, sentindo que não poderia atendê-la, porque lhe dera o falcão para comer, pôs-se a chorar antes mesmo de conseguir dizer qualquer palavra em resposta. No início, ela pensou que ele chorasse de tristeza por ter de se separar do seu querido falcão, mais do que por qualquer outra coisa; e estava quase para desistir do pedido, mas se conteve e esperou, depois do pranto, a resposta de Federigo. Que falou assim:

- Senhora, desde que Deus dispôs que eu dedicasse o meu amor à senhora, a Sorte me foi adversa em muitas empreitadas e muitas vezes me queixei do tratamento que ela me dispensou. Mas sua extrema dureza foi leve em comparação com o que tenho de suportar agora. Jamais viverei em paz, depois que a senhora veio me visitar em minha modesta morada, quando, em meus dias de fausto, nunca se dignou a visitar-me. Pediu-me um pequeno presente, que não estou em condições de lhe dar, por motivos que vou expor brevemente. Quando me vi contemplado com a grande recompensa da sua visita, levando em conta a sua dignidade e o seu valor, reputei adequado recebê-la, segundo minha capacidade, com algo mais nobre e precioso do que é geralmente dispensado às outras pessoas. Foi assim que, lembrando-me do falcão que a senhora veio me pedir, e da sua bondade, julguei-o um repasto à altura da senhora, que O teve servido assado no seu prato. Jamais poderia ter imaginado que talvez o desejasse servido de outra maneira e por isso me sinto tão infeliz de não poder atendê-la que jamais ficarei em paz comigo mesmo.

Dito isso, exibiu as penas, os pés e o bico do falcão como prova.

Ela começou a censurá-lo por matar um falcão daqueles para dar de comer a uma mulher; mas, no seu âmago, enaltecia a grandeza da sua alma, que a pobreza não conseguira sufocar. Depois, sem ter mais a esperança de levar o falcão, voltando a se preocupar com a saúde do filho, partiu com grande melancolia no coração e retomou ao seu filho. Este, decepcionado por não ter o falcão, ou por causa da doença que o acometera, morreu em poucos dias.

Ela mergulhou em prantos e amargura, ao mesmo tempo que ficou riquíssima e, como ainda era jovem, foi pressionada pelos irmãos para que se casasse de novo. Isso era contra suas inclinações, mas recordou o valor de Federigo e a última amostra de sua imensa generosidade, matando uma ave tão magnífica para agradá-la, e então falou aos irmãos:

-Preferiria continuar como estou. Mas, já que desejam que eu escolha um marido, decidi que só poderei me casar com Federigo degli Alberighi.

Sorriram com desdém e disseram:

-Deixe de ser tola! O que está dizendo? Ele não possui nada neste mundo. -Meus irmãos - replicou ela -, é verdade o que dizem. Mas prefiro um homem sem riqueza à riqueza sem um homem.

Os irmãos, ouvindo sua decisão, e conhecendo bem o caráter de Federigo, por mais pobre que fosse, concederam-lhe a irmã com toda a sua riqueza. E ele, vendo-se em posse de uma mulher que tanto amara, e cercado por tanta riqueza, soube cuidar melhor dos seus afazeres e terminou seus anos vivendo feliz para sempre com ela.

Simplizim, mas bunitim, não?

Kali.
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sexta-feira, 18 de julho de 2003

Continuando...

Acontece que a história de Giovanni Boccaccio que eu comecei a contar ontem se chama Federigo e o falcão [História do Decamerão contada por Fiammetta] . Este conto está no livro A Selva do Amor – Contos clássicos da guerra dos sexos, recentemente lançado pela editora Record, organizado por Roberto Muggiati. Entendam-se contos clássicos nesse livro como contos de Virginia Wolf, D. H. Lawrence, García Lorca, Tchekov, F. S. Fitzgeral, Gorki, Allan Poe, Proust, Eça de Queirós, Kafka, James Joyce.

Se eu fosse você, faria o que eu fiz: iria correndo comprar esse troço, só pra ler.

E tomei outra decisão: a história que comecei a contar vai seguir sendo contado pelo próprio Boccaccio (ou pelo tal Fammetta, sei lá), na tradução do original de Roberto Muggiati. É vapt, vupt! Divirta-se.

Bem, então, Federigo se viu pobre, com a fazendola que lhe restou e de onde tirava seu minguado sustento. E, como eu havia falado, lhe sobrou um falcão, um dos melhores que se conhecia...

Continue agora, Giovanni Boccaccio. O conto é seu, a palavra é sua.

Grazie, Kali.

Apesar de tudo, mais apaixonado do que nunca, sem poder habitar na cidade como era seu desejo, deixou-se ficar no seu sítio, onde, quando o tempo permitia, saía a caçar aves e, sem pedir nada a ninguém, suportava pacientemente a sua pobreza.

Aconteceu um dia que, achando-se Federigo reduzido a extrema privação, o marido de Dona Giovanna caiu doente e, vendo a morte se aproximar, fez testamento; e, como era riquíssimo, deixou tudo para seu filho único, já quase um rapaz; e, caso este por sua vez morresse sem filhos legítimos, seus bens ficariam para Dona Giovanna, de quem gostava muito; e assim morreu. Ao ficar viúva, Dona Giovanna, como é costume entre nossas mulheres, ia passar a época de verão no capo, onde tinha uma propriedade, próximo da fazenda de Federigo. E ocorreu que o seu filho começou a travar amizade com Federigo, indo os dois a caçar aves com os cachorros. E, tendo visto muitas vezes o falcão de Federigo voar, ficou fascinado pelo pássaro e desejava muito tê-lo para si, mas não se atrevia a pedi-lo porque vira que Federigo era muito apegado ao animal. E assim seguiam as coisas quando o rapazola adoeceu, o que causou grande preocupação em sua mãe, visto que era seu único filho. Ela não media esforços para conforta-lo e constantemente lhe perguntava se não havia nada que ele desejasse em que ela pudesse gratifica-lo, se estivesse dentro do seu poder. O jovem, depois, d e tantas ofertas desse tipo, disse:

- Minha mãe querida, se conseguisse para mim o falcão de Federigo acredito que eu ficaria prontamente curado.

Ao ouvir isso, a senhora ficou em suspenso e começou a pensar no que podereia fazer. Sabia que Federigo há muito tempo a amava, sem nenhum encorajamento da sua parte. Ent]ao disse para si mesma: “ Como poderei mandar alguém ou ir pedir eu mesma este falcão, do qual dizem ser o melhor que já voou, e além do mais aquilo que o mantém no mundo? Ou como poderia eu tentar subtrair ao cavalheiro todo o prazer que lhe restou na vida?” Achando-se assim perplexa, embora tivesse a certeza de que bastava pedir para consegui-lo, passou alguns momentos sem dar nenhuma resposta. Finalmente, o amor ao filho predominou e decidiu, para satisfazê-lo, não pedir através de outra pessoa, mas ir ela mesma ao encontro de Federigo para solicitar o falcão. Respondeu então:

- Filho meu, repouse o seu coração e pense apenas em ficar melhor que eu prometo: a primeira coisa que farei amanhã de manhã será ir pedir o falcão e trazê-lo para você.

Palavras que deixaram o rapazola tão contente que começou até a mostrar sinais de melhora...

- Perdão, senhor Boccacio.

- Sì, sí, Kali.

- Já que estamos na hora do almoço, se importaria de continuar depois, se a Record não encher o saco com direito autoral?

- Naturalmente.

- Grazie.

Kali.
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quinta-feira, 17 de julho de 2003

O Falcão e a paixão

Não sou bom de contar histórias, mas... aqui vai um, de memória. Um conto renascentista que li há alguns dias. Bocaccio. Gostei. Vocês já devem conhecer. De qualquer forma...

Havia um jovem italiano muito rico que se apaixonou pela mais linda e encantora donzela de toda a grande região onde viviam. Federigo, seu nome. Giovanna, o dela.

Entusiasmado de amor pela moça, Federigo não media gastos para cercá-la de agrados, mimos e festas. Toda sua atenção e economias se voltaram para conquistar aquela jovem com quem queria se casar. E se dedicou à sua paixão com tanto ardor que sua riqueza se esgotou antes mesmo que obtivesse da bela Giovanna as juras de amor com que sonhava.

Sem recursos, se viu obrigado a ir morar numa casa muito simples, num lugar muito distante, onde passou a viver da caça que praticava com seu falcão adestrado. O belo animal de que tanto se orgulhava era tudo o que restou de sua antiga fortuna, junto com a pequena e velha casa onde passou a morar.

Giovanna casou-se e teve um filho...

Agora tenho que sair. Amanhã eu conto o resto.

Kali.
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quarta-feira, 16 de julho de 2003

Silenciosa Vingança

O COLAR

Sufocado meu ser,
Engarrafado meu gênio,
Desviado meu Leste,
Me vingarei em silêncio
Do amor que me deste.

Terás um colar de diamantes
Farfalhante
Que te fará gargalhar
E que te denunciará
Sempre que teu ser angustiante
De mim se aproximar.
Ele será o teu guizo.
E o meu ódio, teu riso.

Kali.
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terça-feira, 15 de julho de 2003

Ver, ouvir, cantar

Ah, vocês têm que ver, ouvir e cantar isso!

Aumente o som e manda ver!

Obrigado, Lika. Você é demais!

Kali.
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segunda-feira, 14 de julho de 2003

A quem interessar, nesta segunda-feira fria

TUA VITÓRIA

Venceste.
Não posso mais.
Muito mais te dei
Do que me entregaste.
Inútil minha luta.
Cansei.
Ganhaste.

Lutaste como ninguém.
O silêncio tudo vence. Calaste.
O desprezo tudo suplanta. Desdenhaste.
A recusa tudo domina. Negaste.

Meus parabéns.
Não é pequeno
O prazer de te cumprimentar,
Mas não era bem assim minha quimera
Que numa noite eu tivera
De tuas mãos um dia poder tocar.

Segue livre nos teus passos.
Se um dia a tristeza chegar,
O mel de teu favo secar,
Não me culpes por tua dor.
Não seriam ressentimentos sábios.
Eu quis roubar-te a boca
Não o brilho dos teus lábios.

 

Kali.
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domingo, 13 de julho de 2003

De Kali para kali


cd paradacardíaca, de Kali C.

Quis a sorte que eu viesse a conhecer uma pessoa cálida, a cantora e compositora Kali C.. Não satisfeita em ser assim tão generosa, quis ainda a minha sorte fazer com que Kali C. preenchesse de música um de meus poemas, fazendo com que eu visse pela primeira vez uma poesia minha ganhar som. Como minha sorte não era apenas generosa, mas também sutil e caprichosa, também maquinou para que eu me encantasse ouvindo da própria voz de Kali C. a música que há pouco era apenas um poema. Não dada por satisfeita, quis mais minha sorte: que eu fosse presenteado com o CD paradacardíaca de Kali C., e pudesse ouvir canções-poemas, como esta:

minha cara

kali c.

Tu és minha cara, minha querida
Tu és assim parte de minha vida

tu és meu anjo, meu demônio
tu és assim o meu sinônimo

Tu és a tranca e a chave
Tu és assim quem me sabe

tu és a casa e o barco
tu és assim por quem eu parto

Não entendendo o porquê de o cd ter sido me dado "a força", tratou minha sorte de explicar-me, quando abri o encarte e ver a letra da música n.º 7, a força:
a força de de um pensamento
a força de um momento
a força que vem de dentro.

Muito bondosa minha sorte, não?

E quem quiser ver e ouvir Kali C. de perto:

Kali.
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sexta-feira, 11 de julho de 2003

O Rio, as Olimpíadas e as favelas

A candidatura do Rio a sede das Olimpíadas de 2012 é a mais perfeita expressão da grande arte que tem os políticos brasileiros de manter o povo ludibriado por fantasias. Incapazes de lhe garantir o pão, montam o circo.

É vergonhoso o belo relevo dessa cidade ser tomado por um manto de miséria e violência. É vergonhoso que essa cobertura horrenda e repugnante seja feita de matéria humana. É vergonhoso uma dama repleta de chagas querer participar de uma festa sem cuidar de suas feridas.

É claro que o carioca não terá paz enquanto existir essa segregação social, das mais berrantes, evidentes e expostas do planeta.

Tão claro quanto o sol que brilha generoso sobre os pobres e os ricos da cidade.

Kali.
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quinta-feira, 10 de julho de 2003

Eu, os argentinos e os trabalhadores do mundo inteiro

Diferente do senso mais ou menos comum e predominante no Brasil, não tenho nada contra o povo argentino. O sentimento de antipatia pelos argentinos vem sendo inculcado há anos pelas classes média e alta brasileiras em razão da competição econômica entre as empresas daqui e de lá. Um sentimento burguês mesquinho gerado pela competição capitalista. A exaltada arrogância dos argentinos deve ser debitada a determinadas classes sociais daquele país e não ao seu povo humilde, trabalhador, sofredor e vítima de uma das mais sanguinárias ditaduras que já passaram pela América Latina. Além disso, essa arrogância tampouco é menor do que a arrogância tupiniquim de nossas classes médias e ricas. Tenho isso bem claro. Uma convicção muito forte repousa dentro de mim quanto aos sentimentos que devemos cultivar em relação aos povos do mundo inteiro: uma convicção moral que vem de uma convicção de classe. Uma pessoa que vive do salário que recebe não pode ver em outra pessoa nessa mesma condiçao senão um irmão, esteja em que parte do mundo estiver. E pessoas assalariadas formam não só a maioria do povo de qualquer nação do mundo moderno como também molda o caráter dessas nações, ainda que tal caráter não consiga se manifestar de forma clara e soberana como merecia.

A razão deste post é o recebimento de um e-mail falando mal e gratuitamente dos argentinos, generalizando patifarias sobre eles. Poderia ser contra qualquer outra nacionalidade, os portugueses, por exemplo. Não gosto. Antes de falar mal de um povo, de sua suposta pobreza material ou moral, o brasileiro deveria: primeiro, verificar se aquela crítica ou gozação vale para todo aquele povo; segundo, olhar na tabela de desenvolvimento humano das Nações Unidas se aquele país está abaixo ou acima do Brasil. No caso de Argentina e Portugal, estão bem acima.

Minha consciência política de classe me fornece um sentimento de solidariedade e respeito humanos que nenhuma religião na face da terra pode me dar.

Kali.
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quarta-feira, 9 de julho de 2003

Um pequena dica

Para não perder o hábito de vez, uma dica para Windows98. Essa é pra quem tem muitos programas instalados no computador.

Cabendo tudo no menu INICIAR
 
Quanto mais programas instalamos em nosso computador,
maior fica a aba de PROGRAMAS do menu INICIAR.
Com mais de 30 itens eles já não cabem no espaço
da coluna que o Bill Gates reservou pra mostrá-los e, então,
aparecem lá, por ordem do próprio Bill,
setas para a rolagem vertical pra vc ver
o restante dos programas.
 
Mas não é prático ficar acionando a rolagem
toda vez que se queira acionar o programa desejado.
Ele até pode achar que é, mas não é não.
 
A princípio, vc teria duas opções simples de resolver isso:
 
Primeiro: Agrupar programas. Como? clicando
com o botão direito do mouse na barra de tarefas e escolher
PROPRIEDADES>PROGRAMAS DO MENU INICIAR>
AVANÇADO e criar uma pasta para cada conjunto
de programas (para fazer isso, selecione
a pasta Programas e depois vá em
ARQUIVOS>NOVO>PASTA).
Por exemplo, vc pode criar uma pasta chamada INTERNET 
e colocar lá, arrastando com o mouse os programas ligados à...
internet, lógico! como o ICQ etc.
Noutra chamada (digamos, TRABALHO)
vc joga os programas que usa para...
trabalhar, né? E por aí vai.
Agrupando-os assim, a lista inicial fica bem menor, lógico.
 
Segundo: jogando os programas mais usados para
a área de trabalho. Como? Mais simples que puxar
orelha de criança. Do menu INICIAR>PROGRAMAS,
é só arrastá-los com o mouse pra sua área de trabalho.
Mas aí quem ficará lotada será sua área de trabalho, óbvio.
 
Mas o método mais radical e eficiente é o seguinte:
 
Vc pode deixar os menus lado a lado, de forma a visualizar
simultaneamente todos os itens simplesmente alterando
o REGISTRO do Windows. Não pense que é difícil pq não é.
É mais fácil que abrir o registro da pia. Quer ver?
 
Mas atenção! Vc vai mexer no REGISTRO, a alma do Windows,
Por isso, faça tudo direitinho e só o que está indicado.
Não vai ter problema nenhum. Mas não faça mais do que
está escrito, a não ser que saiba o
que está fazendo, claro.
 
É assim, ó:

Entre no INICIAR>EXECUTAR e digite REGEDIT. Procure a chave
Hkey_Local_Machine>Software>Microsoft>Windows>
CurrentVersion>Explorer>Advanced.
Depois clique na chave Advanced para selecioná-la.
Entre no menu EDITAR>NOVO>VALOR DA SEQÜÊNCIA.
Um novo item será criado à direita. Digite StartMenuScrollPrograms.
Dê um clique duplo no item recém -criado e escreva o valor False
(tudo do jeito que vc está vendo, sem nenhuma diferença).
 
Agora feche o Regedit e vai dar uma olhada no menu Iniciar
pra ver o que aconteceu!
 
Legal, não?
Kali.
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segunda-feira, 7 de julho de 2003

Dia santo

Como ontem foi domingo, dia sagrado, e eu não pude postar, segue um poema divino :Þ

TRANFIGURAÇÃO

Era eu um reles mortal.
Até que um dia...

Ela me Deus.

PS: Legalzim o poema, não? Gosto de afagar o ego feminino. Custa?

Kali.
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sábado, 5 de julho de 2003

Só pra não dizer que não falei do sábado

Depois de um poema e um conto pesados, uma poesia branda, só pra refrescar essa tarde incandescente em que fui jogar bola.

DE SÁBADO PARA SEXTA

Hoje é sábado.
Amanhã é sexta.

Domingo ela não vem
Segunda sem meu bem
Terça sem ninguém
Quarta ela está chegando
Quinta já fico todo besta.

Pois é,
Hoje é sábado
E amanhã é sexta

Kali.
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sexta-feira, 4 de julho de 2003

Um pequeno conto

Essa pequena "tragédia grega" eu escrevi há algum tempo e resolvi postar. Aliás, nem me lembro se já postei aqui. Como agora não dá para verificar isso, aqui vai:

A TRAGÉDIA DO HACKER

Havia um jovem hacker que passava horas a fio na frente do computador realizando invasões em outros computadores, apagando e danificando dados e softwares alheios e furtando informações de pessoas e empresas, devassando a intimidade das primeiras e dados importantes das segundas. Também se dedicava à elaboração de programas de vírus, espalhado-os pela internet com o objetivo de destruir arquivos e documentos que as pessoas mundo afora guardam com zelo em seus micros.

Não entendendo o que acontecia, mas preocupada com o estranho comportamento do filho, um dia sua mãe entrou no quarto de onde o filho quase nunca saía e lhe perguntou:

– Filho meu, que motivo tão forte faz perderes horas preciosas de sua vida diante desse equipamento?
– Divirto-me espalhando programas que destróem o que existe nos computadores mundo afora, minha mãe. São os famosos vírus de computadores. Mas pode se aproximar, minha mãe. Não pega em gente.

Apontando para uma pilha de cd´s que estava sobre a mesa, sua mãe perguntou:

– Fica nesses discos o mal que tu fazes?
– Pergunte a eles. Eles falam por si.
– Discos não falam. Simplesmente os discos exalam o mau cheiro que roubam de ti.

Sem saber que as palavras usadas por sua mãe eram inspiradas em um poeta e compositor que ele não tinha tempo de ler, mesmo que tivesse interesse nas coisas que faziam bem ao espírito como literatura e música, o hacker começava, nesse exato momento a despertar o mal alojado dentro de si e sua alma ia sendo tomada por um manto de sombras.

Sua mãe continuou:

– Por que fazes isso? Não vês que prejudicas pessoas que nem conheces? Ao proceder dessa forma, que prazer nefasto sentes?
– Divirto-me, apenas isso.
– Sou tua mãe, e embora não entenda de computadores, vejo bem o que acontece. Não é por prazer que dedicas suas energias a atos tão pérfidos. É por vingança que o fazes.

O hacker, sem entender bem o que sua mãe dizia, mas tomando cada uma daquelas palavras como afronta, indagou, sob o fel da raiva em que seu ser se aprofundava:

– Vingar-me do quê se nenhum mal me fizeram?!
– Engana-te, meu filho! Em teu íntimo não aceitas que as pessoas ganhem o dia que tu perdes produzindo nessa máquina coisas inúteis e perniciosas. Tu as ataca, não por vê-las ganhando luas, mas por teres perdido o sol. Não suportas a inutilidade em que tu transformaste tua própria vida e teu próprio ser. Não admites a morte em vida em que hoje estás e, por isso, pensas querer vingar-te dos outros, quando é de ti mesmo que te vingas, por seres tão mau e cruel quanto os programas que crias!

Diante daquelas palavras e porque jamais imaginava ser enfrentado na redoma de poder criada em torno de si graças à sua capacidade de interferir nos destinos das pessoas em vários lugares do mundo sem jamais ser ameaçado, o jovem hacker foi tomado por um profundo ódio contra sua mãe. Então, respondeu:

– Como ousas julgar meu caráter pelo que está fora de mim? Tu confundes seu filho com vírus de computador?! Não consegues distinguir o criador de sua criatura, mulher infeliz? Não vês que, embora tenhas me gerado, somos seres distintos? Como poderia eu ser aquilo que criei, se nem mesmo tu que me gerou és como eu, por ti gerado, ser ignorante!

A mulher, triste com a atitude do filho, respondeu com sabedoria:

– Entenda, meu filho! Como ninguém pode dar o que não possui, tu espalhas para outras pessoas seres nefastos que habitam tuas entranhas. Se algo dás é porque o trazes em ti e já tomou conta do teu desafortunado ser. Toda árvore só pode oferecer o fruto que vem de sua própria seiva. Se é de ti que o mal vem, é em ti que o mal está.

Revoltado com aquelas revelações, o filho hacker levanta-se ameaçadoramente contra sua mãe:

– Ao menos deixo algo em minha existência! E tu, o que dás?
– Dei-te a vida! – falou uma emocionada mãe.
– Pois te dou a morte!

Impiedosamente, por vezes seguidas, cravou na mulher que o gerou um punhal que escondia no quarto.

– Se sou mal e se foi de ti que saí, então o mal está em ti! Não foi o que disseste? – gritava alucinadamente.

Agonizante, sua mãe proferiu as últimas palavras:

– Filho,... compreendas o que aconteceu. Embora me mates... é em ti que pousa a morte... Não a me impuseste nem tampouco a ela me juntaste... mas dela me apartaste ao tirar-me para sempre de junto de ti... E entre mim e a morte,... escolheste mal a companheira com quem a partir de agora viverás...

Aplacada sua ira, o jovem hacker voltou ao computador para dar prosseguimento à sua estranha labuta. Do que aconteceu, nada o perturbou nem o atingiu, a não ser a materna maldição que ainda hoje descansa inabalável sobre ele, olhando sobre seus ombros o que ele digita na tela do computador.

Kali.
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Não falo de mim,
mas do mundo,
bem mais importante
e interessante.
Quiçá, mais bonito :Þ

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Kim Anderson
textos: kali